quinta-feira, 5 de julho de 2007

Entrevista com a bióloga Ana Cimardi

Entrevista com a bióloga da Fundação Estadual de Meio Ambiente Ana Verônica Cimardi
Ana Verônica Cimardi é bióloga e autora do belo livro Mamíferos de Santa Catarina, resultado de pesquisas realizadas em muitas viagens a campo e trabalhos em museus e bibliotecas com muita dedicação ao longo de 12 anos de estudos, tornando-se uma verdadeira fonte para consultas das 169 espécies registradas para o estado. Sua experiência de mais de 20 anos na área a credencia como uma das maiores conhecedoras das questões ambientais em Santa Catarina. Com grande afinco não mede esforços na defesa do meio ambiente, trabalhando de madrugada ou em pleno domingo. E a natureza agradece! *

*Entrevista exclusiva concedida gentilmente para o PITACOS DA LONTRA.
Fernando José Pimentel Teixeira e Christiane de Souza Pimentel Teixeira –
RPPN RIO DAS LONTRAS.

Fernando e Chris: O que te levou a fazer biologia e a sua relação com a natureza. Quando criança você já tinha um contato mais próximo com os bichos e plantas?
Ana Cimardi: Nasci no município de Rio do Sul, interior do Estado de Santa Catarina. Sempre gostei de bichos, tanto de estimação quanto os que via na natureza. Ainda, sempre me chamou muito a atenção às árvores frondosas e que tinham flores coloridas e aquelas flores plantadas no jardim de mamãe. Me decidi por fazer biologia quando mudamos para Florianópolis e papai veio assumir na FATMA (Fundação Estadual de Meio Ambiente) a função de Diretor de Administração. Ele me trouxe para conhecer as pessoas e os trabalhos que eram desenvolvidos aqui. Me encantei com aqueles da então Diretoria de Recursos Naturais, época em que o Padre e Botânico Dr. Raulino Reitz era o Diretor. Não tinha como não me encantar, não é mesmo? Assim, decidi prestar o vestibular para Ciências Biológicas e comecei a estudar na UFSC em 1980, prestei concurso público e fui contratada em 1982.

Fernando e Chris: O seu livro Mamíferos de Santa Catarina tornou-se uma referência e uma fonte de pesquisa das mais procuradas. Fale um pouco dessa obra, das dificuldades em realizá-la.
Ana Cimardi: Logo que comecei a trabalhar na FATMA (meu primeiro e único emprego) já comecei a desenvolver atividades na área de mastofauna. Primeiro preenchendo fichas (numa máquina de escrever "do arco da velha") com informações bibliográficas dos mamíferos com área de abrangência para SC, depois visitando museus do nosso Estado, PR, RS e SP e por último, antes de começar a escrever o livro é claro, fazendo pesquisa em campo dentro das Unidades de Conservação estaduais e em viagens por todo o Estado, com uma Toyota "queixo duro", junto com minha grande mentora e mestre Lenir A. do Rosário, que à época estava levantando informações para a publicação do livro "As aves em Santa Catarina: distribuição geográfica e meio ambiente". Foi cansativo, mas fantástico. As maiores dificuldades por mim enfrentadas foram: - minha inexperiência; - na pesquisa de campo, pois com mamíferos, em função de seus hábitos, é necessário o uso de armadilhas e para mim, “sempre magrinha é claro", era difícil carregar cerca de 100 armadilhas mato à dentro, mesmo que com ajuda de fantásticos colegas aqui da FATMA (até os motoristas me ajudavam); - na identificação dos exemplares coletados; - na elaboração da lista em função da imprecisão de muitas referências quanto à nomenclatura (sinonímias); - na distribuição geográfica; - e na fase em que estava escrevendo o livro, pois este foi o meu primeiro grande desafio profissional e ainda exercia a função de gerente e de coordenação de projeto de acordo internacional.

Onça Pintada é animal em extinção em Santa Catarina.

Fernando e Chris: Recentemente o Jornal Diário Catarinense publicou uma reportagem sobre a origem do nome do bairro Toca da Onça, em Blumenau. Mostrou a história de uma onça-pintada que foi morta em 1955, com direito a fotos e entrevista com um dos caçadores. Fora o norte do estado, nas encostas da Serra do Mar, você acredita na possibilidade de ainda haver exemplares desse lindo animal em outras regiões de Santa Catarina?
Ana Cimardi: Tudo indica que não. Como é sabido, a onça-pintada é um felino que depende de uma grande área natural para que possa cumprir seu ciclo de vida e ainda é extremamente territorialista (cada indivíduo macho pode requerer até 15.000 ha de área) e assim, com exceção do norte do nosso Estado, que tem ligação com extensa área ainda praticamente íntegra no Paraná, é praticamente impossível registros de onça em outras regiões de SC.

Puma registrado por armadilha fotográfica em Antonio Carlos, na Grande Florianópolis.

Fernando e Chris: Você nos ajudou quando do aparecimento de pumas na região da Grande Florianópolis, intermediando a vinda da Polícia Ambiental e Projeto Pumas para uma série de palestras nas escolas (Vide matéria "Pumas na Grande Florianópolis" no Pitacos da Lontra). No entanto o problema persiste, dia desses soubemos pelo Epagri Angelina que houve ataques a rebanhos em Rancho Queimado (cidade vizinha à Angelina). Qual sua sugestão para termos um trabalho mais preciso e consistente, evitando a morte desses felinos?
Ana Cimardi: Talvez um dos caminhos seria o estabelecimento de fortes parcerias entre instituições governamentais, a sociedade organizada nas suas múltiplas formas (sindicatos, entidades de classe, ong's) e a iniciativa privada, na busca de estratégias e recursos (fontes de recursos existem inúmeras) de médios e longos prazos que se sustentem no tempo, inserindo-se aqui a mobilização, conscientização e mudança de comportamento, além da busca de incentivos e apoios financeiros e do estabelecimento de políticas públicas, daqueles e para aqueles que vivem principalmente no meio rural. Não basta só a "educação ambiental", pois o homem que vive no campo e tem contato freqüente, ou não, com o animal, e que muitas vezes têm grandes dificuldades para o sustento de sua família, não tem condições de perder uma única cabeça de gado. A Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural - SAR, por intermédio da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural - EPAGRI seria um dos fortes parceiros neste processo, por possuir uma estrutura capilarizada, com seus extensionistas rurais.

Fernando e Chris: O que é o projeto PPMA? Qual o montante dos recursos? Quais são os objetivos e o que vem acrescentar na luta pelo meio ambiente sadio de Santa Catarina?
Ana Cimardi: O PPMA é o Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Santa Catarina - PPMA/SC assinado pelo Governo do Estado em setembro de 2002 e sua execução iniciada em janeiro de 2005, com previsão de 4 anos de duração. É um Projeto que tem como principal foco as unidades de conservação estaduais administradas pela FATMA situadas na área da Vertente do Atlântico, com ações para apoiar e fortalecer as parcerias institucionais e os processos para a implantação e gestão das mesmas, incluindo-se a elaboração de planos de manejo, instituições dos conselhos consultivos, a delimitação e demarcação física, a fiscalização, o controle e o monitoramento ambientais. Os responsáveis pela implementação do Projeto são a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável - SDS que cumpre o papel de coordenação das articulações institucionais necessárias e a FATMA que é a coordenadora e a principal executora. Ainda, a Polícia Militar Ambiental tem função de executora de atividades na área de fiscalização ambiental e o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - CE-RBMA/SC funciona como órgão de intermediação do Projeto com a sociedade organizada para fins de promoção e divulgação de seus objetivos, métodos e ações.O PPMA/SC conta com um recurso de aproximadamente 10,4 milhões de Euros (60% cooperação financeira alemã - KfW e 40% contrapartida do Estado). O PPMA/SC não é um Projeto que veio para trazer novas atividades/responsabilidades para o Estado e sim veio dar maior suporte e agilidade para a execução das mesmas, inclusive com uma forte vertente de ações que se sustentem após a sua finalização. Com tudo isto, visamos a consolidação das unidades de conservação e suas zonas de amortecimento, a internalização de práticas duradouras e dos processos participativos e a sistematização, agilização, clareza e finalização dos procedimentos administrativos nas áreas de licenciamento, fiscalização e monitoramento ambientais de todo o território catarinense. Com isto, acrescenta-se uma maior proteção dos ecossistemas e de sua biodiversidade, cuja proteção o ser humano conscientizado busca para garantir boa qualidade de vida para ele e para as gerações que se seguirem.


Publicações > Mamíferos de Santa Catarina Autoria: A bióloga Ana Verônica Cimardi
Atualmente, existem 5 mil espécies de mamíferos em todo planeta, cerca de 700 vivendo na região neo-tropical. Em Santa Catarina temos 169 espécies registradas - 23% deste total. O livro consolida informações sobre estas 169 espécies de ocorrência no Estado e descreve em detalhes 65 delas. Estas são ilustradas em belíssimas pranchas de aquarela.
Elas foram produzidas especialmente para o livro pelo pintor mineiro Eduardo Parentoni Brettas, especialista em pintura naturalista, oferecendo ao leitor a oportunidade de visualizar a imagem dos mamíferos mais representativos da fauna catarinense.
Mamíferos de Santa Catarina é o resultado de muita dedicação e esforço ao longo de 12 anos de estudos da bióloga. Em todo este período, na busca incessante da identificação das espécies, foram realizadas muitas viagens a campo pelo território catarinense, bem como visitas a museus e pesquisas bibliográficas. Após estes estudos, surge no Estado o primeiro livro que objetiva compilar várias informações sobre a biologia das espécies, suas características externas, habitat, hábitos, distribuição geográfica e a relação com o homem.
Pedidos para: FATMA Fundação do Meio Ambiente - Biblioteca. Caixa Postal 1254 - Cep 88010-970 - Florianópolis SC.

Ana é autora do livro Mamíferos de Santa Catarina e tem fascínio pelos morcegos.

Fernando e Chris: Sabemos do seu interesse em especial pelos morcegos. Como começou essa paixão?
Ana Cimardi: Bem, desde pequena, quando chegava no final do dia com o sol quase desaparecendo no horizonte, via vultos e escutava pequenos assobios no jardim e pomar de minha casa, pois só parávamos de brincar quando já estava bem escuro ou quando já estávamos para quase apanhar de mamãe. Esta visão e assobios me deixavam muito curiosa, pois sempre tive os sentidos muito aguçados. Mamãe é claro me falava que eram morcegos, mas não conseguia vê-los como gostaria. Quando comecei a estudar os mamíferos com mais propriedade e conhecer as várias espécies de morcegos, suas características externas e hábitos multifacetados, sua forma de deslocamento, sua ampla distribuição geográfica e hábitos, o fascínio se concretizou.





Morcegos sobrevoando árvore Merindiba à procura de pólen e néctar.
Fotos - Edmon Antonio Rached Soubihe, estudante da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP).

Fernando e Chris: Em setembro de 2005 atendendo gentil convite participamos das reuniões de trabalho para análise e discussão da Minuta do Decreto de Regulamentação da Lei do Sistema Estadual de Unidades de Conservação, representando as RPPN. A falta de regulamentação ocasiona lacunas que dificultam a constituição, implementação e gestão das Unidades. Quando veremos na prática os resultados desse trabalho?
Ana Cimardi: Fernando, infelizmente quando estávamos preparando a minuta final do Decreto para encaminhar ao Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA, após o Workshop que realizamos para discutir e buscar mais subsídios para a proposta de regulamentação tivemos a notícia da já bastante adiantada mobilização para a “recategorização” da área litorânea do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Desta forma resolvemos envidar todos os esforços para reverter este processo. Foram muitos meses de dedicação, na verdade até meados deste mês. Até o próprio CONSEMA foi envolvido na grande luta, desgastante, mas salutar, pois conquistamos o apoio de muitas instâncias tanto do Poder Público, com destaque para a Assembléia Legislativa e Ministério Público Estadual, quanto das lideranças do movimento pela recategorização e de toda a comunidade local. Temos agora uma forte e duradoura parceria. Neste contexto, a FATMA decidiu encaminhar ao CONSEMA a proposta de Decreto somente em 2007. Não vejo isto um grande prejuízo, pelos motivos que mencionei, não foi fácil, mas valeu a pena, e apesar de ser bastante importante termos o SEUC regulamentado, o regulamentado nacional nos dá, por enquanto, os princípios básicos nas ações de criação e implantação de nossas UCs. Na minha avaliação o forte do regulamento do SEUC será para a ações de gestão da UCs e que estaremos melhor preparados é claro quando tivemos os planos de manejo aprovados e os conselhos consultivos instalados.

Aqui Ana num registro do começo da década de 80 em um curso de observadores de aves.

Fernando e Chris: Nesse movimento de clara tentativa de virada de mesa visando mudar a categoria de UC do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro chamado "recategorização" (verbete inexistente na língua portuguesa) e na qual conseguimos grande mobilização e inclusive apoio da Fundação SOS Mata Atlântica, quais os resultados dessa questão? Como estão as UC em Santa Catarina?
Ana Cimardi: Bem, para completar e talvez reforçar minhas colocações anteriores, em abril deste ano foi instaurado, no âmbito da ALESC, um Fórum Parlamentar para reunir num único espaço as várias instâncias diretamente envolvidas com a questão, na busca da resolução dos conflitos. No início era Fórum Parlamentar Permanente para a Recategorização do Parque, após os resultados das discussões desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho constituído pelo Fórum, o mesmo passou a se chamar Fórum Parlamentar Permanente sobre o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Esta mudança por si só, já demonstra que conseguimos reverter a forte intenção de transformar parte desta Unidade de Conservação em APA. O documento elaborado por esse GT foi amplamente divulgado e indicando, num resumo que vou fazer aqui, aquilo que a FATMA já tinha identificado e estava organizando-se para colocar em prática, com o apoio do PPMA/SC, Projeto Microbacias 2 e Projeto Tabuleiro/GEF (a ser iniciado no ano que vem), ou seja, a realização dos estudos dos limites para identificação de ajustes, se assim for comprovado a necessidade, objetivando a resolução de conflitos sociais, sem prejuízo em hipótese alguma à integridade dos ecossistemas que o Parque protege; o georreferenciamento em nível topográfico de limites; a demarcação física; a elaboração do Plano de Manejo e a constituição do Conselho Consultivo; o fortalecimento das ações de fiscalização, mobilização comunitária e educação ambiental; e a importantíssima regularização fundiária e o aporte de mais recursos humanos.

Quanto a situação das UCs estaduais administradas pela FATMA, das 9 UCs, temos 7 com formalização do Chefe da Unidade, 3 com a situação fundiária regulamentada e demarcadas fisicamente (PE das Araucárias, Fritz Plaumann e Rio Canoas) e uma com a regularização em processo de finalização (REBIO Estadual do Sassafrás). PE Fritz Plaumann com o Plano de Manejo aprovado e sendo implementado. PE Araucárias e Rio Canoas com os planos de manejo em aprovação. PE Acaraí e REBIO Estadual do Aguaí a elaboração dos planos de manejo se dará no início de 2007 e PE Serra do Tabuleiro, que já tem seu zoneamento aprovado, e REBIO Sassafrás, a partir do 2º semestre. Quanto a constituição dos conselhos consultivos, o Conselho Consultivo do Parque Fritz Plaumann foi formalizado em 26.10.06 e estamos no processo de constituição de uma OSCIP para a gestão compartilhada. Pretende-se ter a maioria das UCs com o conselho instaurado em 2007, além das demarcações físicas. A medida que os planos de manejo estiverem aprovados e os conselhos constituídos estaremos buscando, com muito critério, a gestão compartilhada. Quanto a infra-estrutura, o PE da Serra do Tabuleiro conta com a uma sede administrativa e um Centro de Visitantes, que desenvolve programas de uso público, educação ambiental, pesquisa científica e voluntariado por meio de uma parceria da FATMA com a Cooperativa Caipora. Ainda possui a sede do 2º Pelotão da Polícia Militar Ambiental. O PE Fritz Plaumann conta com uma sede administrativa e o PE das Araucárias uma casa de apoio para a fiscalização. O PE da Serra Furada conta com residência para o fiscal da FATMA e sua família. Para o Parque Acaraí a FATMA firmou parceria com a Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul que disponibilizou uma sala na estrutura da Secretaria de Meio Ambiente como apoio provisório para o Chefe do Parque. A REBIO do Sassafrás possui uma residência para o fiscal da FATMA e mais duas casas de apoio para fiscalização e pesquisa científica.
A pesquisa científica é realizada com mais propriedade no Parque do Tabuleiro, na REBIO do Sassafrás e se tem iniciado pesquisas no Parque das Araucárias e Fritz Plaumann. Todas as UCs contam com a fiscalização da Polícia Ambiental, fortalecida a partir do Convênio de Fiscalização firmado em 2005.

Para todas se realiza trabalho de sensibilização ambiental principalmente nas escolas localizadas no entorno, com as ações conduzidas pela equipe do Eco-ônibus.
A FATMA atualmente está em processo de implantação do Sistema de Informações Geográficas para as áreas protegidas existentes no Estado e no ano que vem todas as UCs estaduais serão mapeadas na escala 1:10 000.
Folder do belo Projeto Corredor Ecológico Caminho das Águas.
Fernando e Chris: Como vai o projeto do Corredor Caminho das Águas?
Ana Cimardi: Neste ano foi desenvolvido e distribuído um folder para divulgar a proposta de seu desenho e seus objetivos, visando a sensibilização dos catarinenses quanto à importância de mais esta unidade de gestão ambiental. Acredita-se que no ano que vem teremos o Corredor Ecológico Caminho das Águas criado por um decreto governamental. A partir disto, começaremos a desenvolver um projeto na busca de recursos para sua implementação.

Fernando e Chris: São Paulo acaba de criar a RPPN Estadual. Quando você imagina que Santa Catarina terá essa importante UC?
Ana Cimardi: Durante 2006 estivemos discutindo e levantando as necessidades estruturais, inclusive em alguns momentos com a participação da Associação de Proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural de Santa Catarina, para que a FATMA pudesse assumir o processo para criação de RPPN. Temos confiança que em 2007 poderemos estar absorvendo mais esta demanda.

Ana em campo. Muitas histórias em quase 25 anos de FATMA.

Fernando e Chris: Qual o caminho que você vê para a preservação dos remanescentes da Mata Atlântica no estado, em especial da combalida Mata de Araucárias?
Ana Cimardi: Por meio da consolidação de todas as unidades de conservação existentes em todos os âmbitos federativos. Criação de mais unidades de conservação particulares. Planejamento estratégico para implantação de corredores ecológicos, recuperação de áreas degradadas, talvez centrando foco na recuperação de áreas de preservação permanente. Cobrança efetiva e monitoramento das reserva legais. Estabelecimento de novas políticas públicas para o incentivo econômico, mudança para práticas mais sustentável no meio rural e agregação de valores. Fortalecimento dos sistemas de fiscalização, licenciamentos e monitoramentos ambientais. A formulação do Plano Estadual de Áreas Protegidas, a exemplo do Plano Nacional....

Fernando e Chris: O Governador Luiz Henrique da Silveira é o ganhador do prêmio Motoserra de Ouro. SC é um dos dois estados no país que aumentou sua área de desmatamento. Quem são os vilões do meio ambiente no estado?
Ana Cimardi: Não detenho conhecimento dos critérios para o estabelecimento desse tipo de prêmio, aludindo aqui também o “prêmio porco”. Não concordo com isto. Na minha opinião não leva a nada. Só gera mais conflitos entre o poder público e a sociedade organizada. Temos é que discutir e identificar novas estratégias na busca do tão falado “desenvolvimento sustentável”, na mudança de comportamento “de todos”. Creio que isto deva ser melhor discutido no âmbito nacional. Não estou dizendo aqui que a situação não é delicada e que não merece a devida atenção. Mas do que serve a simples comparação? Qual a causa do aumento dos desmatamentos? Porquê isto acontece? Não é de hoje que isto é divulgado e na prática muito pouco foi feito. Acredito também que não cabe a identificação de “vilões” e sim o fortalecimento das articulações, da aproximação efetiva entre todos. Todos devemos ser partícipes. Não adianta ficar “berrando”, nem de um lado nem do outro. A história tem mostrado isto.

Equipe da Fundação Estadual de Meio Ambiente, Diretores do Banco KFW, Consultores do PPMA e Polícia Ambiental numa pausa para a posteridade.

Fernando e Chris: O ICMS-Ecológico vai caminhando para ser finalmente implantado no estado; Regulamentação da Lei do SEUC; Criação das RPPN estaduais; Virão novos dias para a preservação da diversidade biológica em Santa Catarina?
Ana Cimardi: Fernando creio que sou um pouco suspeita para afirmar que sim, não é mesmo!? Mas vou arriscar. Estou muito esperançosa. A criação de 4 novas unidades de conservação estaduais a partir de 2003, a readequação do Parque Florestal do Rio Vermelho no ano que vem; a execução de importantes projetos de acordo internacionais firmados pelo Estado de Santa Catarina, com destaque para a implantação das UCs e de corredores ecológicos, a melhoria dos processos de fiscalização, licenciamento e monitoramento ambientais, cujos resultados se darão mais concretamente também a partir de 2007, uma melhoria da aproximação entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, nos incentiva e nos leva a “novos” e melhores “dias para a preservação da diversidade biológica em Santa Catarina”.

Fotos: Arquivo pessoal de Ana Cimardi.
Seqüência de imagens de morcegos: Site Saúde Animal.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Fernando,aqui é Felipe e a Silvana.Nós nos encontramos la na palestra do Amyr klink,lembra?
Teu site é excelente!
Você esta de parabéns.
Abraço!
TChau!