sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

DESAFIOS DE UMA RPPN



Os desafios de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural

Por Eliel de Assis Queiroz

Caro Agostinho,

Como estamos assistindo, a política ambiental, aqui e no resto do mundo, não passa de uma sucessão de farsas. O episódio, previamente combinado, entre EUA e China, em Copenhague e em Cancún, é apenas mais um exemplo.

Aqui no Brasil, uma das farsas é a do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), onde unidades de conservação públicas são criadas apenas no papel. O mais revoltante é tentar fazer o mesmo com as unidades particulares, as chamadas RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural). Levei 4 anos para criar uma, ao lado do Parque Nacional de Itatiaia. Ou seja, na prática, o parqueI foi ampliado sem confusão, sem gasto do dinheiro público, sem desapropriação.

Se considerarmos que 75% do que sobrou da Mata Atlântica estão em terras particulares (dados da Aliança para a Conservação da Mata Atlântica) as RPPN deveriam ter um incentivo muito maior do que têm. Hoje, não existe qualquer incentivo para a criação de RPPN, exceto o abatimento do Imposto Territorial Rural, que é insignificante se comparado com os serviços ambientais prestados.

Uma RPPN é uma unidade de conservação como outra qualquer. Ela precisa de plano de manejo, de gestão profissional, de guarda parque, de trilhas de acesso, de programa de combate a incêndios florestais, sede administrativa, entre outros. E de onde vem o dinheiro para bancar tudo isso? Simplesmente não vem. A RPPN contribui para o aumento da arrecadação do ICMS ECOLÒGICO do município onde ela está localizada. Mas nem isso é levado em consideração. Apenas alguns poucos municípios brasileiros fazem repasse deste imposto para garantir a sustentabilidade das RPPN.

Não recebemos compensações ambientais pelo impacto causado na região; não recebemos compensações pelos crimes ambientais praticados no nosso entorno; não recebemos qualquer benefício de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). O Ministério Público e a Justiça continuam com fixação em cestas básicas e prestações de serviços comunitários e não ambientais. Resumindo, é uma luta desgastante e decepcionante.

Eliel de Assis Queiroz
Gestor da RPPN Reserva Agulhas Negras


* Publicado no Blog Eco Verde do jornalista Agostinho Vieira - O Globo

domingo, 5 de dezembro de 2010

CIÊNCIA EXPLICA

Ciência explica por que veado fica paralisado ao ver farol do carro

C. CLAIRBORNE RAY
DO "NEW YORK TIMES"

"Os veados são crepusculares", explica o biólogo especialista em veados do Departamento de Pesca e Recursos de Vida Selvagem do Kentucky (EUA), David Yancy, sobre o motivo de os veados ficarem paralisados quando veem faróis de carros em sua direção.

A atividade do animal chega ao auge cerca de uma hora antes ou depois do amanhecer ou anoitecer, e visão é otimizada por uma luz muito baixa.

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Quando a luz de um farol atinge os olhos que estão completamente dilatados para capturar a maior quantidade de luz possível, os veados não conseguem enxergar nada, e simplesmente congelam até que seus olhos possam se adaptar.

AP
Veados são animais crepusculares e praticamente ficam cegos e parados quando a luz de um carro atinge seus olhos.

"Eles não sabem o que fazer, então não fazem nada", comenta Yancy.

Pesquisas contínuas na Universidade da Georgia sobre a visão dos veados de cauda branca sugerem que, para padrões humanos, esses animais são completamente cegos.

Um pesquisador entrevistado na edição de setembro/outubro da "Arkansas Wildlife" estima a visão deles em 20/200: quando uma pessoa com visão normal consegue discernir os detalhes de um objeto a 200 jardas de distância, o veado precisa estar a 20 jardas do mesmo objeto para enxergá-lo (eles são melhores adaptados para detectar movimento).

O número de colisões entre carros e veados nos Estados Unidos atinge o ápice na temporada de reprodução, com os machos se deslocando para encontrar fêmeas receptivas. Mas ninguém descobriu ainda uma boa forma de evitar esses acidentes, diz Yancy. Por ora, ele acrescenta, a combinação de placas indicando "veados cruzando a pista", de artigos de alerta ao público e direção defensiva são as medidas suficientes.

Fonte: Folha Ciência