terça-feira, 6 de agosto de 2013

AMBIENTALISTAS AMEAÇADOS EM SC

Caçador agride ambientalistas com arma de fogo
 
Silvia Marcuzzo
Caçador saindo de traz do palmiteiro com a arma apontada para Wigold. Foto: Wigold B. Schaffer.

“O que acontece, quando no meio da mata, por detrás dos arbustos, não é um bicho que aparece, mas sim um caçador camuflado e armado, que vem em sua direção com um rifle com mira telescópica apontado diretamente pra você? Pode acontecer um tiro de raspão na mão, por conta do reflexo de defesa da pessoa, mas pode acontecer o pior, que é o que via de regra acaba acontecendo, quando o alvo é um animal”.

Wigold B. Schaffer e Miriam Prochnow, Conselheiros da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), formam vítimas de agressão e ficaram reféns sob a mira de arma de fogo e ameaça de morte por mais de 30 minutos, neste domingo dia 04/08/2013, quando faziam um passeio pela mata de sua propriedade em Atalanta/SC. Saíram de sua casa por volta das 10 horas em companhia de sua filha Gabriela para dar uma caminhada no meio da mata e fazer fotos da flora e fauna. A caminhada transcorria tranquíla e alegre com muitas fotos de pássaros até que, por volta das 10:30h em meio a uma pequena trilha foram atacados de surpresa por um caçador.

Wigold conta que o homem surgiu de repente, com vestimenta camuflada da cabeça aos pés, empunhando uma arma de fogo dessas que utilizam um “pente” de munição e mira telescópica. “Ao perceber algo se movimentando atrás de uns palmiteiros jovens inicialmente pensei tratar-se de algum animal e comecei a fotografar, segundos depois surge o caçador vindo em minha direção com o dedo no gatilho e a arma apontada diretamente para mim”, relata Wigold. Por instinto de fotógrafo, Wigold conta que continuou fotografando a aproximação do agressor e gritou por socorro, já que sua esposa Miriam e sua filha Gabriela vinham uns 50 metros atrás. “O agressor não parou, veio direto em minha direção com a arma apontada, até quase encostar o cano em meu rosto, aí ele tentou arrancar a câmera fotográfica de minhas mãos, nesse momento, num gesto de desespero e reflexo segurei o cano da arma e o desviei do meu corpo, foi quando ele puxou o gatilho e atirou, o tiro passou muito perto do meu peito” conta Wigold.

Após o disparo, Wigold conta que continuou segurando o cano da arma com as duas mãos enquanto o caçador tentava novamente virar o cano e apontar em sua direção, como não obteve êxito passou a agredir violentamente a vítima com chutes, coronhadas e até com a própria máquina fotográfica, que se partiu quando o agressor a bateu na cabeça da vítima.

As agressões foram interrompidas alguns minutos mais tarde com a chegada de Miriam, que estava um pouco atrás. “Ao ouvir o grito de socorro do Wigold e em seguida o disparo da arma, imediatamente pedi que a minha filha Gabriela corresse até em casa e chamasse a polícia, relatou Miriam. Ela também relata que ao chegar perto do local viu o Wigold deitado no chão e o homem batendo nele com a coronha da arma: “Enquanto me aproximava fui tirando fotos para registrar a agressão e ao mesmo tempo reconheci o agressor e o chamei pelo nome”. Ao perceber a aproximação da Miriam e ver que ela também estava registrando o que acontecia, o agressor parou de espancar o Wigold e passou agredir a Miriam na tentativa de também lhe tirar a câmera fotográfica.

Os 2 ambientalistas ficaram ainda por mais de 20 minutos sob a mira da arma do caçador, que sob ameaça queria lhes tirar as câmeras fotográficas. A situação só parou quando Miriam anunciou que a polícia já deveria estar chegando pois a Gabriela saíra em busca de socorro logo após o disparo da arma. Pouco depois, o homem se afastou caminhando de costas, sempre com a arma apontada em direção ao casal, até se embrenhar na mata.

Os ambientalistas Wigold e Miriam, nascidos na região do Alto Vale do Itajaí, tem destacada atuação em defesa da Mata Atlântica. O casal voltou para Atalanta depois de 14 anos trabalhando em Brasília. Wigold trabalhou por mais de 13 anos no Ministério do Meio Ambiente e Miriam fortaleceu a atuação da Apremavi em colegiados de âmbito nacional, como a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), onde foi Coordenadora Geral. Hoje é Secretária Executiva do Diálogo Florestal Brasileiro e conselheira do Diálogo Florestal Internacional. Os dois são fundadores da Apremavi, que completou 26 anos este ano.

A situação vivida pelos ambientalistas aponta na verdade para uma realidade ambiental grave no Alto Vale do Itajaí e outras regiões de Santa Catarina, que é a caça. A caça de animais nativos é proibida no Brasil, mas continua sendo praticada e com um agravante, ela está sendo praticada por jovens, com equipamentos cada vez mais sofisticados, que acabam não dando nenhuma chance de reação aos animais e também acabam provocando situações como a vivida no último domingo.

As vítimas já denunciaram as agressões junto às Polícias Civil, Militar e Ambiental, bem como ao Ministério Público Estadual e Federal. Nos próximos dias, a Apremavi, juntamente com outras instituições de Santa Catarina e do Brasil, estará deflagrando uma ampla campanha junto aos órgãos públicos para que estes realizem operações de fiscalização da caça, soltura de animais aprisionados e apreensão de armas na região.

 

terça-feira, 23 de abril de 2013

"DESCOBRINDO O PARAÍSO"

IHP e MMX lançam livro com coleção biológica e nova espécie de percevejo
 
 
 
Fonte: Assessoria de Imprensa IHP em 22 de Abril de 2013

 
A descoberta de uma nova espécie de percevejo, nunca antes cataloga pela ciência no planeta, é um dos destaques do livro Descobrindo o Paraíso - Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista (RPPN-EEB), que será lançado pela parceria Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e MMX no dia 2 de maio, às 19h, na Casa Vasquez & Filhos, no Porto Geral, em Corumbá.
 
O percevejo descoberto na RPPN-EEB, na Serra do Amolar, a 180 km a noroeste de Corumbá, levou o nome de Rhyparoclopius aokiae, em homenagem a uma das pesquisadoras, a bióloga Camila Aoki. "Acreditando na máxima ‘Conhecer para Preservar', busca-se, através desse documento, aumentar o conhecimento biológico para o Pantanal Sul-mato-grossense e auxiliar nas estratégias da conservação da diversidade biológica", afirma, na apresentação, o fundador e conselheiro do IHP, Angelo Cipriano Rabelo.
 
O estudo detalhado da composição de invertebrados, segundo Rabelo, é uma das maiores contribuições da publicação para a ciência. Mais de 1100 espécies foram catalogadas, com a inclusão de 19 novos registros de espécies para Mato Grosso do Sul. Em fase de identificação estão inseridas 11 novas espécies. "O fato que chama a atenção nos dados que esse livro traz é que, para a maior parte dos grupos estudados, esta é a primeira listagem para a região", prossegue Rabelo. "A ciência de estudos técnicos e científicos para a área reforça a recomendação do Ministério do Meio Ambiente: a necessidade de inventários sobre fauna e flora", acrescenta.
 
O livro deve se tornar uma das sensações do mercado editorial após o seu lançamento e distribuição. Será importante nas pesquisas de especialistas, professores e alunos, e vai ampliar os horizontes da coleção biológica com fins didáticos. "Este livro mostra os resultados de expedições de inventário biológico feitas à RPPN-EEB nas estações seca e chuvosa, quando foram estudados tanto a flora local como diversos grupos de invertebrados, sempre ofuscados pela fauna vertebrada carismática, mas de maneira alguma menos importantes", ressalta, no prefácio, o revisor técnico Fábio Olmos.
Trata-se de uma publicação realizada por meio da parceria, estabelecida desde 2008, entre o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e a empresa MMX para a gestão da RPPN Engenheiro Eliezer Batista, localizada na Serra do Amolar, uma das regiões de maior beleza cênica e biodiversidade dentro do bioma Pantanal. O livro traz na íntegra os resultados obtidos desde a primeira campanha, na estiagem de 2010.
 
Garantir o empenho nos esforços de conservação desta valiosa região do Pantanal é o compromisso da parceria IHP - MMX e que pode ser traduzido nas páginas dessa valiosa obra. "Mais de um sábio, ao longo da História, notou que uma das medidas da civilização de uma sociedade ou de indivíduos é a forma como trata a Natureza. A iniciativa de MMX caminha no rumo certo", conclui Fábio Olmos.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

GOVERNO VENENO

 
Governo libera uso de agrotóxicos sem registro no País
 
AE - Agência Estado
Mesmo com dois pareceres técnicos contrários, o Ministério da Agricultura (Mapa) liberou o uso de um agrotóxico não registrado no País para combater emergencialmente uma praga nas lavouras de algodão e soja. A decisão, publicada anteontem no Diário Oficial, permite o uso de defensivos agrícolas que tenham em sua composição o benzoato de emamectina, substância que, por ser considerada tóxica para o sistema neurológico, teve seu registro negado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2007.
 
O uso de agrotóxicos no País é norteado por pareceres do Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos (CTA), formado por membros dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente e da Anvisa - os dois últimos são encarregados de avaliar os riscos do uso de defensivo para o meio ambiente e a saúde pública.Em março, diante da praga da lagarta quarentenária A-1 Helicoverpa armigera em lavouras do oeste da Bahia, representantes do Mapa solicitaram uma reunião extraordinária do CTA para a liberação do benzoato. A proposta era que o produto fosse usado emergencialmente até a safra 2014/2015.
 
No primeiro encontro, representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e da Anvisa foram contrários à liberação. De acordo com a ata da reunião, a maioria do grupo afirmava que os documentos apresentados não permitiam tal liberação.Diante da negativa, o Mapa solicitou uma nova reunião, realizada cinco dias depois. Nesse encontro, tanto a Anvisa quanto o Ibama mantiveram sua posição: não havia elementos suficientes para que a liberação fosse realizada.
 
 
O Mapa, no entanto, decidiu liberar o uso do benzoato. De acordo com o ministério, não é a primeira vez que a Agricultura adota uma decisão unilateral. Em 1986, de acordo com a assessoria, também houve liberação de agrotóxicos para combater uma praga de gafanhoto.
 
Além do benzoato, outros cinco tiveram seu uso liberado para o combate à praga: dois produtos biológicos (Vírus VPN HzSNPV e Bacillus Thuringiensis) e três químicos (Clorantraniliprole, Clorfenapyr e Indoxacarbe). A diferença, no entanto, é que os cinco já têm registro no País para uso em outras lavouras.O uso do benzoato será regulamentado numa instrução normativa, seguindo as observações dos Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde.


NOVA RPPN EM IPATINGA

 
IEF certifica fazenda como RPPN
 
Área de 51,38 hectares de mata atlântica está situada na APA Ipanema
 
IPATINGA – O município passou a contar com mais uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A área de 51,38 hectares de mata atlântica preservada integra os 98 hectares de extensão da Fazenda Córrego da Bucaína, localizada na Área de Preservação Ambiental (APA) Ipanema, de propriedade do aposentado Isaías Nogueira Coelho, 66. O fazendeiro formalizou o pedido de criação da RPPN na agência Ipatinga do Instituto Estadual de Florestas (IEF), na sexta-feira (05).
 
Para alcançar o reconhecimento da referida área como RPPN, o proprietário da unidade de conservação ambiental contou com o apoio da prefeitura, da Emater-MG, da Associação de Proteção Ambiental da Bacia do Ribeirão Ipanema e do Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Codema), cujos representantes presenciaram a entrega da documentação no IEF.
 
“Não vou cuidar dessa área para sempre. Com a criação da reserva, quero assegurar a proteção e a preservação da mata atlântica no local. O meu desejo é que esta área esteja ao alcance das futuras gerações do nosso município”, declarou Isaias Coelho sobre a área de RPPN, da qual 20% foi reconhecida como Reserva Legal há três anos.
 
Para o coordenador da Agência Avançada de Meio Ambiente de Ipatinga do IEF, Pedro Paulo da Silva Neto, a criação da RPPN é um compromisso do proprietário com o órgão governamental para proteção da área. “Uma vez reconhecida pelo IEF, a área é vistoriada periodicamente. Dessa forma, temos condições de proteger o local, conter incêndios, conservar os mananciais e desenvolver ações de proteção ambiental”, esclareceu.
 
Segundo o proprietário da Fazenda Córrego da Bucaína, são inúmeras as riquezas naturais presentes na área de preservação. Na lista estão três nascentes e espécies animais, como mono-carvoeiro, ou muriqui-do-sul; macaco-prego, sagui e esquilo, além de espécies vegetais, como o cedro, a braúna, o vinhático, a sapucaia e diversas árvores frutíferas.
 
A Fazenda Córrego da Bucaína é a segunda Reserva Particular de Patrimônio Natural de Ipatinga. Até a criação da RPPN do aposentado Isaías Coelho, o município possuía apenas a Fazenda do Zaca, localizada no Tribuna, reserva de mais de 17 hectares que integra o Centro de Educação Ambiental Portal da Mata Atlântica.
 
Ao reconhecer uma área de preservação ambiental como RPPN, todos os direitos e o domínio sobre a área são mantidos e o proprietário pode realizar pesquisas científicas e atividades de educação ambiental, além de abrir o local para visitação pública. Os principais benefícios ao se criar uma RPPN são: isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); redução do risco de invasões e ocupações irregulares; apoio dos órgãos governamentais para a fiscalização e proteção da área.
 
Fonte: Diário do Aço


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE


Novas evidências de que a sustentabilidade rende dividendos
 
POR REGINA SCHARF # EM DE LÁ PRA CÁ
 
Foto de Emre Ayaroglu/Flickr
 
A MIT Sloan Management Review (revista da escola de administraçãodo Massachusetts Institute of Technology), em conjunto com os consultores do Boston Consulting Group, entrevistou mais de 4 mil executivos e gerentes de dezenas de países para mapear como as empresas, os governos e as ONGs estão enfrentando os desafios da sustentabilidade. Essa é a quarta pesquisa anual nessa linha produzida pela revista, que publica separadamente as conclusões por setor da economia. Esta semana saíram as conclusões quanto ao comportamento do setor privado, baseadas num universo de 2.600 entrevistas.
 
O estudo “The Innovation Bottom Line” (algo como Resultado Financeiro da Inovação) indica algumas tendências bastante positivas, como o acúmulo de evidências de que os investimentos em sustentabilidade compensam financeiramente. O número de entrevistados que já testemunharam isso subiu 23% desde o ano passado, chegando a 37% do universo pesquisado. O relatório, divulgado esta semana, também apontou que metade das empresas mudou seus modelos de negócios numa reação a oportunidades socioambientais, 20% a mais do que no ano passado. Essas mudanças ocorreram, principalmente, nos produtos e serviços oferecidos, nos processos da cadeia de valor e na estrutura organizacional.
 
Aqui, uma coletânea das conclusões (mas vale a pena ler o documento que tem bastante conteúdo):
 
* 46% dos entrevistados acham difícil quantificar as vantagens intangíveis adquiridas graças à sustentabilidade; 37% dizem que ela entra em conflito com outras prioridades; 40% dizem que a preocupação com a sustentabilidade aumenta os custos operacionais, o que acaba reduzindo os lucros, e 33% apontam um aumento dos custos administrativos;

* No universo das empresas que auferiram lucros graças aos investimentos em sustentabilidade, 61% discutem o tema no alto escalão; nesse mesmo universo, 60% dos entrevistados dizem que há um business case da sustentabilidade, ou seja, é um investimento que faz sentido;
 
* Foi solicitado que os empresários identificassem os três principais desafios de caráter geral que suas empresas enfrentarão nos próximos dois anos. Eles indicaram a necessidade de inovar para se diferenciar dos concorrentes (48%), reduzir custos e ganhar eficiência (46%), aumentar os ingressos (45%), atrair, manter e motivar profissionais de talento (39%);
 
* Eles também identificaram os três principais desafios ligados à sustentabilidade: escassez de energia ou volatilidade dos seus preços (78%), resíduos e sua gestão (52%), escassez ou acesso limitado às matérias primas (51%), mudanças climáticas (37%), escassez de água (28%), segurança alimentar (14%);

* Que fatores socioambientais levaram as empresas a modificar seu modelo de negócios? Os entrevistados podiam indicar quantos fatores quisessem: a preferência de consumidores por produtos e serviços sustentáveis (52%), a escassez de recursos naturais (39%), o crescente engajamento dos seus competidores com a sustentabilidade (38%), a pressão política ou legal (37%) etc.
 
* Os pesquisadores também perguntaram quais temas a empresa associa à sustentabilidade. Os entrevistados podiam indicar todos os itens sugeridos: sustentabilidade econômica da organização (63%), questões ambientais (62%), questões ligadas à responsabilidade social empresarial (61%), ênfase numa perspectiva de longo prazo (53%), saúde e bem-estar dos funcionários (52%), saúde e bem-estar dos clientes (35%) e questões de segurança (35%).
 
 
 
 
Surpresa: empresas de países da África, do Oriente Médio e da Ásia estão muito mais propensas a mudar seu modelo de negócios em resposta aos benefícios associados à sustentabilidade que empreendimentos em países ricos. As latino-americanas estão no meio do caminho, próximas às européias.