segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

AQUECIMENTO GLOBAL É INEVITÁVEL E SEIS BILHÕES DE PESSOAS VÃO MORRER

James Lovelock, renomado cientista, diz que o aquecimento global é irreversível - e que mais de 6 bilhões de pessoas vão morrer neste século 

Cortesia de James Lovelock

por Por Jeff Goodell

Aos 88 anos, depois de quatro filhos e uma carreira longa e respeitada como um dos cientistas mais influentes do século 20, James Lovelock chegou a uma conclusão desconcertante: a raça humana está condenada. "Gostaria de ser mais esperançoso", ele me diz em uma manhã ensolarada enquanto caminhamos em um parque em Oslo (Noruega), onde o estudioso fará uma palestra em uma universidade. Lovelock é baixinho, invariavelmente educado, com cabelo branco e óculos redondos que lhe dão ares de coruja. Seus passos são gingados; sua mente, vívida; seus modos, tudo menos pessimistas. Aliás, a chegada dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse - guerra, fome, pestilência e morte - parece deixá-lo animado. "Será uma época sombria", reconhece. "Mas, para quem sobreviver, desconfio que vá ser bem emocionante."

Na visão de Lovelock, até 2020, secas e outros extremos climáticos serão lugar-comum. Até 2040, o Saara vai invadir a Europa, e Berlim será tão quente quanto Bagdá. Atlanta acabará se transformando em uma selva de trepadeiras kudzu. Phoenix se tornará um lugar inabitável, assim como partes de Beijing (deserto), Miami (elevação do nível do mar) e Londres (enchentes). A falta de alimentos fará com que milhões de pessoas se dirijam para o norte, elevando as tensões políticas. "Os chineses não terão para onde ir além da Sibéria", sentencia Lovelock. "O que os russos vão achar disso? Sinto que uma guerra entre a Rússia e a China seja inevitável." Com as dificuldades de sobrevivência e as migrações em massa, virão as epidemias. Até 2100, a população da Terra encolherá dos atuais 6,6 bilhões de habitantes para cerca de 500 milhões, sendo que a maior parte dos sobreviventes habitará altas latitudes - Canadá, Islândia, Escandinávia, Bacia Ártica.

Até o final do século, segundo o cientista, o aquecimento global fará com que zonas de temperatura como a América do Norte e a Europa se aqueçam quase 8 graus Celsius - quase o dobro das previsões mais prováveis do relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática, a organização sancionada pela ONU que inclui os principais cientistas do mundo. "Nosso futuro", Lovelock escreveu, "é como o dos passageiros em um barquinho de passeio navegando tranqüilamente sobre as cataratas do Niagara, sem saber que os motores em breve sofrerão pane". E trocar as lâmpadas de casa por aquelas que economizam energia não vai nos salvar. Para Lovelock, diminuir a poluição dos gases responsáveis pelo efeito estufa não vai fazer muita diferença a esta altura, e boa parte do que é considerado desenvolvimento sustentável não passa de um truque para tirar proveito do desastre. "Verde", ele me diz, só meio de piada, "é a cor do mofo e da corrupção."

Se tais previsões saíssem da boca de qualquer outra pessoa, daria para rir delas como se fossem devaneios. Mas não é tão fácil assim descartar as idéias de Lovelock. Na posição de inventor, ele criou um aparelho que ajudou a detectar o buraco crescente na camada de ozônio e que deu início ao movimento ambientalista da década de 1970. E, na posição de cientista, apresentou a teoria revolucionária conhecida como Gaia - a idéia de que nosso planeta é um superorganismo que, de certa maneira, está "vivo". Essa visão hoje serve como base a praticamente toda a ciência climática. Lynn Margulis, bióloga pioneira na Universidade de Massachusetts (Estados Unidos), diz que ele é "uma das mentes científicas mais inovadoras e rebeldes da atualidade". Richard Branson, empresário britânico, afirma que Lovelock o inspirou a gastar bilhões de dólares para lutar contra o aquecimento global. "Jim é um cientista brilhante que já esteve certo a respeito de muitas coisas no passado", diz Branson. E completa: "Se ele se sente pessimista a respeito do futuro, é importante para a humanidade prestar atenção."

Lovelock sabe que prever o fim da civilização não é uma ciência exata. "Posso estar errado a respeito de tudo isso", ele admite. "O problema é que todos os cientistas bem intencionados que argumentam que não estamos sujeitos a nenhum perigo iminente baseiam suas previsões em modelos de computador. Eu me baseio no que realmente está acontecendo."

Quando você se aproxima da casa de Lovelock em Devon, uma área rural no sudoeste da Inglaterra, a placa no portão de metal diz, claramente: "Estação Experimental de Coombe Mill. Local de um novo hábitat. Por favor, não entre nem incomode".
Depois de percorrer algumas centenas de metros em uma alameda estreita, ao lado de um moinho antigo, fica uma casinha branca com telhado de ardósia onde Lovelock mora com a segunda mulher, Sandy, uma norte-americana, e seu filho mais novo, John, de 51 anos e que tem incapacidade leve. É um cenário digno de conto de fadas, cercado de 14 hectares de bosques, sem hortas nem jardins com planejamento paisagístico. Parcialmente escondida no bosque fica uma estátua em tamanho natural de Gaia, a deusa grega da Terra, em homenagem à qual James Lovelock batizou sua teoria inovadora.

A maior parte dos cientistas trabalha às margens do conhecimento humano, adicionando, aos poucos, nova informações para a nossa compreensão do mundo. Lovelock é um dos poucos cujas idéias fomentaram, além da revolução científica, também a espiritual. "Os futuros historiadores da ciência considerarão Lovelock como o homem que inspirou uma mudança digna de Copérnico na maneira como nos enxergamos no mundo", prevê Tim Lenton, pesquisador de clima na Universidade de East Anglia, na Inglaterra. Antes de Lovelock aparecer, a Terra era considerada pouco mais do que um pedaço de pedra aconchegante que dava voltas em torno do Sol. De acordo com a sabedoria em voga, a vida evoluiu aqui porque as condições eram adequadas: não muito quente nem muito frio, muita água. De algum modo, as bactérias se transformaram em organismos multicelulares, os peixes saíram do mar e, pouco tempo depois, surgiu Britney Spears.

Na década de 1970, Lovelock virou essa idéia de cabeça para baixo com uma simples pergunta: Por que a Terra é diferente de Marte e de Vênus, onde a atmosfera é tóxica para a vida? Em um arroubo de inspiração, ele compreendeu que nossa atmosfera não foi criada por eventos geológicos aleatórios, mas sim devido à efusão de tudo que já respirou, cresceu e apodreceu. Nosso ar "não é meramente um produto biológico", James Lovelock escreveu. "É mais provável que seja uma construção biológica: uma extensão de um sistema vivo feito para manter um ambiente específico." De acordo com a teoria de Gaia, a vida é participante ativa que ajuda a criar exatamente as condições que a sustentam. É uma bela idéia: a vida que sustenta a vida. Também estava bem em sintonia com o tom pós-hippie dos anos 70. Lovelock foi rapidamente adotado como guru espiritual, o homem que matou Deus e colocou o planeta no centro da experiência religiosa da Nova Era. O maior erro de sua carreira, aliás, não foi afirmar que o céu estava caindo, mas deixar de perceber que estava. Em 1973, depois de ser o primeiro a descobrir que os clorofluocarbonetos (CFCs), um produto químico industrial, tinham poluído a atmosfera, Lovelock declarou que a acumulação de CFCs "não apresentava perigo concebível". De fato, os CFCs não eram tóxicos para a respiração, mas estavam abrindo um buraco na camada de ozônio. Lovelock rapidamente revisou sua opinião, chamando aquilo de "uma das minhas maiores bolas fora", mas o erro pode ter lhe custado um prêmio Nobel.

No início, ele também não considerou o aquecimento global como uma ameaça urgente ao planeta. "Gaia é uma vagabunda durona", ele explica com freqüência, tomando emprestada uma frase cunhada por um colega. Mas, há alguns anos, preocupado com o derretimento acelerado do gelo no Ártico e com outras mudanças relacionadas ao clima, ele se convenceu de que o sistema de piloto automático de Gaia está seriamente desregulado, tirado dos trilhos pela poluição e pelo desmatamento. Lovelock acredita que o planeta vai recuperar seu equilíbrio sozinho, mesmo que demore milhões de anos. Mas o que realmente está em risco é a civilização. "É bem possível considerar seriamente as mudanças climáticas como uma resposta do sistema que tem como objetivo se livrar de uma espécie irritante: nós, os seres humanos", Lovelock me diz no pequeno escritório que montou em sua casa. "Ou pelo menos fazer com que diminua de tamanho."

Se você digitar "gaia" e "religion" no Google, vai obter 2,36 milhões de páginas - praticantes de wicca, viajantes espirituais, massagistas e curandeiros sexuais, todos inspirados pela visão de Lovelock a respeito do planeta. Mas se você perguntar a ele sobre cultos pagãos, ele responde com uma careta: não tem interesse na espiritualidade desmiolada nem na religião organizada, principalmente quando coloca a existência humana acima de tudo o mais. Em Oxford, certa vez ele se levantou e repreendeu Madre Teresa por pedir à platéia que cuidasse dos pobres e "deixasse que Deus tomasse conta da Terra". Como Lovelock explicou a ela, "se nós, as pessoas, não respeitarmos a Terra e não tomarmos conta dela, podemos ter certeza de que ela, no papel de Gaia, vai tomar conta de nós e, se necessário for, vai nos eliminar".
Gaia oferece uma visão cheia de esperança a respeito de como o mundo funciona. Afinal de contas, se a Terra é mais do que uma simples pedra que gira ao redor do sol, se é um superorganismo que pode evoluir, isso significa que existe certa quantidade de perdão embutida em nosso mundo - e essa é uma conclusão que vai irritar profundamente estudiosos de biologia e neodarwinistas de absolutamente todas as origens.

Para Lovelock, essa é uma idéia reconfortante. Considere a pequena propriedade que ele tem em Devon. Quando ele comprou o terreno, há 30 anos, era rodeada por campos aparados por mil anos de ovelhas pastando. E ele se empenhou em devolver a seus 14 hectares um caráter mais próximo do natural. Depois de consultar um engenheiro florestal, plantou 20 mil árvores - amieiros, carvalhos, pinheiros. Infelizmente, plantou muitas delas próximas demais, e em fileiras. Agora, as árvores estão com cerca de 12 metros de altura, mas em vez de ter ar "natural", partes do terreno dele parecem simplesmente um projeto de reflorestamento mal executado. "Meti os pés pelas mãos", Lovelock diz com um sorriso enquanto caminhamos no bosque. "Mas, com o passar dos anos, Gaia vai dar um jeito."

Até pouco tempo atrás, Lovelock achava que o aquecimento global seria como sua floresta meia-boca - algo que o planeta seria capaz de corrigir. Então, em 2004, Richard Betts, amigo de Lovelock e pesquisador no Centro Hadley para as Mudanças Climáticas - o principal instituto climático da Inglaterra -, convidou-o para dar uma passada lá e bater um papo com os cientistas. Lovelock fez reunião atrás de reunião, ouvindo os dados mais recentes a respeito do gelo derretido nos pólos, das florestas tropicais cada vez menores, do ciclo de carbono nos oceanos. "Foi apavorante", conta.

"Mostraram para nós cinco cenas separadas de respostas positivas em climas regionais - polar, glacial, floresta boreal, floresta tropical e oceanos -, mas parecia que ninguém estava trabalhando nas conseqüências relativas ao planeta como um todo." Segundo ele, o tom usado pelos cientistas para falar das mudanças que testemunharam foi igualmente de arrepiar: "Parecia que estavam discutindo algum planeta distante ou um universo-modelo, em vez do lugar em que todos nós, a humanidade, vivemos".

Quando Lovelock estava voltando para casa em seu carro naquela noite, a compreensão lhe veio. A capacidade de adaptação do sistema se perdera. O perdão fora exaurido. "O sistema todo", concluiu, "está em modo de falha." Algumas semanas depois, ele começou a trabalhar em seu livro mais pessimista, A Vingança de Gaia, publicado no Brasil em 2006. Na sua visão, as falhas nos modelos climáticos computadorizados são dolorosamente aparentes. Tome como exemplo a incerteza relativa à projeção do nível do mar: o IPCC, o painel da ONU sobre mudanças climáticas, estima que o aquecimento global vá fazer com que a temperatura média da Terra aumente até 6,4 graus Celsius até 2100. Isso fará com que geleiras em terra firme derretam e que o mar se expanda, dando lugar à elevação máxima do nível de mar de apenas pouco menos de 60 centímetros. A Groenlândia, de acordo com os modelos do IPCC, demorará mil anos para derreter.

Mas evidências do mundo real sugerem que as estimativas do IPCC são conservadoras demais. Para começo de conversa, os cientistas sabem, devido aos registros geológicos, que há 3 milhões de anos, quando as temperaturas subiram cinco graus acima dos níveis atuais, os mares subiram não 60 centímetros, mas 24 metros. Além do mais, medidas feitas por satélite recentemente indicam que o Ártico está derretendo com tanta rapidez que a região pode ficar totalmente sem gelo até 2030. "Quem elabora os modelos não tem a menor noção sobre derretimento de placas de gelo", desdenha o estudioso, sem sorrir.

Mas não é apenas o gelo que invalida os modelos climáticos. Sabe-se que é difícil prever corretamente a física das nuvens, e fatores da biosfera, como o desmatamento e o derretimento da Tundra, raramente são levados em conta. "Os modelos de computador não são bolas de cristal", argumenta Ken Caldeira, que elabora modelos climáticos na Universidade de Stanford, cuja carreira foi profundamente influenciada pelas idéias de Lovelock. "Ao observar o passado, fazemos estimativas bem informadas em relação ao futuro. Os modelos de computador são apenas uma maneira de codificar esse conhecimento acumulado em apostas automatizadas e bem informadas."

Aqui, em sua essência supersimplificada, está o cenário pessimista de Lovelock: o aumento da temperatura significa que mais gelo derreterá nos pólos, e isso significa mais água e terra. Isso, por sua vez, faz aumentar o calor (o gelo reflete o sol, a terra e a água o absorvem), fazendo com que mais gelo derreta. O nível do mar sobe. Mais calor faz com que a intensidade das chuvas aumente em alguns lugares e com que as secas se intensifiquem em outros. As florestas tropicais amazônicas e as grandes florestas boreais do norte - o cinturão de pinheiros e píceas que cobre o Alasca, o Canadá e a Sibéria - passarão por um estirão de crescimento, depois murcharão até desaparecer. O solo permanentemente congelado das latitudes do norte derrete, liberando metano, um gás que contribui para o efeito estufa e que é 20 vezes mais potente do que o CO2... e assim por diante. Em um mundo de Gaia funcional, essas respostas positivas seriam moduladas por respostas negativas, sendo que a maior de todas é a capacidade da Terra de irradiar calor para o espaço. Mas, a certa altura, o sistema de regulagem pára de funcionar e o clima dá um salto - como já aconteceu muitas vezes no passado - para uma nova situação, mais quente. Não é o fim do mundo, mas certamente é o fim do mundo como o conhecemos.

O cenário pessimista de Lovelock é desprezado por pesquisadores de clima de renome, sendo que a maior parte deles rejeita a idéia de que haja um único ponto de desequilíbrio para o planeta inteiro. "Ecossistemas individuais podem falhar ou as placas de gelo podem entrar em colapso", esclarece Caldeira, "mas o sistema mais amplo parece ser surpreendentemente adaptável." No entanto, vamos partir do princípio, por enquanto, de que Lovelock esteja certo e que de fato estejamos navegando por cima das cataratas do Niagara. Simplesmente vamos acenar antes de cair? Na visão de Lovelock, reduções modestas de emissões de gases que contribuem para o efeito estufa não vão nos ajudar - já é tarde demais para deter o aquecimento global trocando jipões a diesel por carrinhos híbridos. E a idéia de capturar a poluição de dióxido de carbono criada pelas usinas a carvão e bombear para o subsolo? "Não há como enterrar quantidade suficiente para fazer diferença." Biocombustíveis? "Uma idéia monumentalmente idiota." Renováveis? "Bacana, mas não vão nem fazer cócegas." Para Lovelock, a idéia toda do desenvolvimento sustentável é equivocada: "Deveríamos estar pensando em retirada sustentável".

A retirada, na visão dele, significa que está na hora de começar a discutir a mudança do lugar onde vivemos e de onde tiramos nossos alimentos; a fazer planos para a migração de milhões de pessoas de regiões de baixa altitude, como Bangladesh, para a Europa; a admitir que Nova Orleans já era e mudar as pessoas para cidades mais bem posicionadas para o futuro. E o mais importante de tudo é que absolutamente todo mundo "deve fazer o máximo que pode para sustentar a civilização, de modo que ela não degenere para a Idade das Trevas, com senhores guerreiros mandando em tudo, o que é um perigo real. Assim, podemos vir a perder tudo".

Até os amigos de Lovelock se retraem quando ele fala assim. "Acho que ele está deixando nossa cota de desespero no negativo", diz Chris Rapley, chefe do Museu de Ciência de Londres, que se empenhou com afinco para despertar a consciência mundial sobre o aquecimento global. Outros têm a preocupação justificada de que as opiniões de Lovelock sirvam para dispersar o momento de concentração de vontade política para impor restrições pesadas às emissões de gases poluentes que contribuem para o efeito estufa. Broecker, o paleoclimatologista de Columbia, classifica a crença de Lovelock de que reduzir a poluição é inútil como "uma bobagem perigosa".

"Eu gostaria de poder dizer que turbinas de vento e painéis solares vão nos salvar", Lovelock responde. "Mas não posso. Não existe nenhum tipo de solução possível. Hoje, há quase 7 bilhões de pessoas no planeta, isso sem falar nos animais. Se pegarmos apenas o CO2 de tudo que respira, já é 25% do total - quatro vezes mais CO2 do que todas as companhias aéreas do mundo. Então, se você quer diminuir suas emissões, é só parar de respirar. É apavorante. Simplesmente ultrapassamos todos os limites razoáveis em números. E, do ponto de vista puramente biológico, qualquer espécie que faz isso tem que entrar em colapso."

Mas isso não é sugerir, no entanto, que Lovelock acredita que deveríamos ficar tocando harpa enquanto assistimos o mundo queimar. É bem o contrário. "Precisamos tomar ações ousadas", ele insiste. "Temos uma quantidade enorme de coisas a fazer." De acordo com a visão dele, temos duas escolhas: podemos retornar a um estilo de vida mais primitivo e viver em equilíbrio com o planeta como caçadores-coletores ou podemos nos isolar em uma civilização muito sofisticada, de altíssima tecnologia. "Não há dúvida sobre que caminho eu preferiria", diz certa manhã, em sua casa, com um sorriso aberto no rosto enquanto digita em seu computador. "Realmente, é uma questão de como organizamos a sociedade - onde vamos conseguir nossa comida, nossa água. Como vamos gerar energia."

Em relação à água, a resposta é bem direta: usinas de dessalinização, que são capazes de transformar água do mar em água potável. O suprimento de alimentos é mais difícil: o calor e a seca vão acabar com a maior parte das regiões de plantações de alimentos hoje existentes. Também vão empurrar as pessoas para o norte, onde vão se aglomerar em cidades. Nessas áreas, não haverá lugar para quintais ajardinados. Como resultado, Lovelock acredita, precisaremos sintetizar comida - teremos que criar alimentos em barris com culturas de tecidos de carnes e vegetais. Isso parece muito exagerado e profundamente desagradável, mas, do ponto de vista tecnológico, não será difícil de realizar.
O fornecimento contínuo de eletricidade também será vital, segundo ele. Cinco dias depois de visitar o centro Hadley, Lovelock escreveu um artigo opinativo polêmico, intitulado: "Energia nuclear é a única solução verde". Lovelock argumentava que "devemos usar o pequeno resultado dos renováveis com sensatez", mas que "não temos tempo para fazer experimentos com essas fontes de energia visionárias; a civilização está em perigo iminente e precisa usar a energia nuclear - a fonte de energia mais segura disponível - agora ou sofrer a dor que em breve será infligida a nosso planeta tão ressentido".

Ambientalistas urraram em protesto, mas qualquer pessoa que conhecia o passado de Lovelock não se surpreendeu com sua defesa à energia nuclear. Aos 14 anos, ao ler que a energia do sol vem de uma reação nuclear, ele passou a acreditar que a energia nuclear é uma das forças fundamentais no universo. Por que não aproveitá-la? No que diz respeito aos perigos - lixo radioativo, vulnerabilidade ao terrorismo, desastres como o de Chernobyl - Lovelock diz que este é dos males o menos pior: "Mesmo que eles tenham razão a respeito dos perigos, e não têm, continua não sendo nada na comparação com as mudanças climáticas".

Como último recurso, para manter o planeta pelo menos marginalmente habitável, Lovelock acredita que os seres humanos podem ser forçados a manipular o clima terrestre com a construção de protetores solares no espaço ou instalando equipamentos para enviar enormes quantidades de CO2 para fora da atmosfera. Mas ele considera a geoengenharia em larga escala como um ato de arrogância - "Imagino que seria mais fácil um bode se transformar em um bom jardineiro do que os seres humanos passarem a ser guardiões da Terra". Na verdade, foi Lovelock que inspirou seu amigo Richard Branson a oferecer um prêmio de US$ 25 milhões para o "Virgin Earth Challenge" (Desafio Virgin da Terra), que será concedido à primeira pessoa que conseguir criar um método comercialmente viável de remover os gases responsáveis pelo efeito estufa da atmosfera. Lovelock é juiz do concurso, por isso não pode participar dele, mas ficou intrigado com o desafio. Sua mais recente idéia: suspender centenas de milhares de canos verticais de 18 metros de comprimento nos oceanos tropicais, colocar uma válvula na base de cada cano e permitir que a água das profundezas, rica em nutrientes, seja bombeada para a superfície pela ação das ondas. Os nutrientes das águas das profundezas aumentariam a proliferação das algas, que consumiriam o dióxido de carbono e ajudariam a resfriar o planeta. "É uma maneira de contrabalançar o sistema de energia natural da Terra usando ele próprio", Lovelock especula. "Acho que Gaia aprovaria."

Oslo é o tipo perfeito de cidade para Lovelock. Fica em latitudes do norte, que ficarão mais temperadas na medida em que o clima for esquentando; tem água aos montes; graças a suas reservas de petróleo e gás, é rica; e lá já há muito pensamento criativo relativo à energia, incluindo, para a satisfação de Lovelock, discussões renovadas a respeito da energia nuclear. "A questão principal a ser discutida aqui é como manejar as hordas de pessoas que chegarão à cidade", Lovelock avisa. "Nas próximas décadas, metade da população do sul da Europa vai tentar se mudar para cá."

Nós nos dirigimos para perto da água, passando pelo castelo de Akershus, uma fortaleza imponente do século 13 que funcionou como quartel-general nazista durante a ocupação da cidade na Segunda Guerra Mundial. Para Lovelock, os paralelos entre o que o mundo enfrentou naquela época e o que enfrenta hoje são bem claros. "Em certos aspectos, é como se estivéssemos de novo em 1939", ele afirma. "A ameaça é óbvia, mas não conseguimos nos dar conta do que está em jogo. Ainda estamos falando de conciliação."

Naquele tempo, como hoje, o que mais choca Lovelock é a ausência de liderança política. Apesar de respeitar as iniciativas de Al Gore para conscientizar as pessoas, não acredita que nenhum político tenha chegado perto de nos preparar para o que vem por aí. "Em muito pouco tempo, estaremos vivendo em um mundo desesperador, comenta Lovelock. Ele acredita que está mais do que na hora para uma versão "aquecimento global" do famoso discurso que Winston Churchill fez para preparar a Grã-Bretanha para a Segunda Guerra Mundial: "Não tenho nada a oferecer além de sangue, trabalho, lágrimas e suor". "As pessoas estão prontas para isso", Lovelock dispara quando passamos sob a sombra do castelo. "A população entende o que está acontecendo muito melhor do que a maior parte dos políticos."

Independentemente do que o futuro trouxer, é provável que Lovelock não esteja por aí para ver. "O meu objetivo é viver uma vida retangular: longa, forte e firme, com uma queda rápida no final", sentencia. Lovelock não apresenta sinais de estar se aproximando de seu ponto de queda. Apesar de já ter passado por 40 operações, incluindo ponte de safena, continua viajando de um lado para o outro no interior inglês em seu Honda branco, como um piloto de Fórmula 1. Ele e Sandy recentemente passaram um mês de férias na Austrália, onde visitaram a Grande Barreira de Corais. O cientista está prestes a começar a escrever mais um livro sobre Gaia. Richard Branson o convidou para o primeiro vôo do ônibus espacial Virgin Galactic, que acontecerá no fim do ano que vem - "Quero oferecer a ele a visão de Gaia do espaço", diz Branson. Lovelock está ansioso para fazer o passeio, e planeja fazer um teste em uma centrífuga até o fim deste ano para ver se seu corpo suporta as forças gravitacionais de um vôo espacial. Ele evita falar de seu legado, mas brinca com os filhos dizendo que quer ver gravado na lápide de seu túmulo: "Ele nunca teve a intenção de ser conciliador".

Em relação aos horrores que nos aguardam, Lovelock pode muito bem estar errado. Não por ter interpretado a ciência erroneamente (apesar de isso certamente ser possível), mas por ter interpretado os seres humanos erroneamente. Poucos cientistas sérios duvidam que estejamos prestes a viver uma catástrofe climática. Mas, apesar de toda a sensibilidade de Lovelock para a dinâmica sutil e para os ciclos de resposta no sistema climático, ele se mostra curiosamente alheio à dinâmica sutil e aos ciclos de resposta no sistema humano. Ele acredita que, apesar dos nossos iPhones e dos nossos ônibus espaciais, continuamos sendo animais tribais, amplamente incapazes de agir pelo bem maior ou de tomar decisões de longo prazo que garantam nosso bem-estar. "Nosso progresso moral", diz Lovelock, "não acompanhou nosso progresso tecnológico."

Mas talvez seja exatamente esse o motivo do apocalipse que está por vir. Uma das questões que fascina Lovelock é a seguinte: A vida vem evoluindo na Terra há mais de 3 bilhões de anos - e por que motivo? "Gostemos ou não, somos o cérebro e o sistema nervoso de Gaia", ele explica. "Agora, assumimos responsabilidade pelo bem-estar do planeta. Como vamos lidar com isso?"
Enquanto abrimos caminho no meio dos turistas que se dirigem para o castelo, é fácil olhar para eles e ficar triste. Mais difícil é olhar para eles e ter esperança. Mas quando digo isso a Lovelock, ele argumenta que a raça humana passou por muitos gargalos antes - e que talvez sejamos melhores por causa disso. Então ele me conta a história de um acidente de avião, anos atrás, no aeroporto de Manchester. "Um tanque de combustível pegou fogo durante a decolagem", recorda. "Havia tempo de sobra para todo mundo sair, mas alguns passageiros simplesmente ficaram paralisados, sentados nas poltronas, como tinham lhes dito para fazer, e as pessoas que escaparam tiveram que passar por cima deles para sair. Era perfeitamente óbvio o que era necessário fazer para sair, mas eles não se mexiam. Morreram carbonizados ou asfixiados pela fumaça. E muita gente, fico triste em dizer, é assim. E é isso que vai acontecer desta vez, só que em escala muito maior."

Lovelock olha para mim com olhos azuis muito firmes. "Algumas pessoas vão ficar sentadas na poltrona sem fazer nada, paralisadas de pânico. Outras vão se mexer. Vão ver o que está prestes a acontecer, e vão tomar uma atitude, e vão sobreviver. São elas que vão levar a civilização em frente."


(Tradução de Ana Ban)



terça-feira, 6 de agosto de 2013

AMBIENTALISTAS AMEAÇADOS EM SC

Caçador agride ambientalistas com arma de fogo
 
Silvia Marcuzzo
Caçador saindo de traz do palmiteiro com a arma apontada para Wigold. Foto: Wigold B. Schaffer.

“O que acontece, quando no meio da mata, por detrás dos arbustos, não é um bicho que aparece, mas sim um caçador camuflado e armado, que vem em sua direção com um rifle com mira telescópica apontado diretamente pra você? Pode acontecer um tiro de raspão na mão, por conta do reflexo de defesa da pessoa, mas pode acontecer o pior, que é o que via de regra acaba acontecendo, quando o alvo é um animal”.

Wigold B. Schaffer e Miriam Prochnow, Conselheiros da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), formam vítimas de agressão e ficaram reféns sob a mira de arma de fogo e ameaça de morte por mais de 30 minutos, neste domingo dia 04/08/2013, quando faziam um passeio pela mata de sua propriedade em Atalanta/SC. Saíram de sua casa por volta das 10 horas em companhia de sua filha Gabriela para dar uma caminhada no meio da mata e fazer fotos da flora e fauna. A caminhada transcorria tranquíla e alegre com muitas fotos de pássaros até que, por volta das 10:30h em meio a uma pequena trilha foram atacados de surpresa por um caçador.

Wigold conta que o homem surgiu de repente, com vestimenta camuflada da cabeça aos pés, empunhando uma arma de fogo dessas que utilizam um “pente” de munição e mira telescópica. “Ao perceber algo se movimentando atrás de uns palmiteiros jovens inicialmente pensei tratar-se de algum animal e comecei a fotografar, segundos depois surge o caçador vindo em minha direção com o dedo no gatilho e a arma apontada diretamente para mim”, relata Wigold. Por instinto de fotógrafo, Wigold conta que continuou fotografando a aproximação do agressor e gritou por socorro, já que sua esposa Miriam e sua filha Gabriela vinham uns 50 metros atrás. “O agressor não parou, veio direto em minha direção com a arma apontada, até quase encostar o cano em meu rosto, aí ele tentou arrancar a câmera fotográfica de minhas mãos, nesse momento, num gesto de desespero e reflexo segurei o cano da arma e o desviei do meu corpo, foi quando ele puxou o gatilho e atirou, o tiro passou muito perto do meu peito” conta Wigold.

Após o disparo, Wigold conta que continuou segurando o cano da arma com as duas mãos enquanto o caçador tentava novamente virar o cano e apontar em sua direção, como não obteve êxito passou a agredir violentamente a vítima com chutes, coronhadas e até com a própria máquina fotográfica, que se partiu quando o agressor a bateu na cabeça da vítima.

As agressões foram interrompidas alguns minutos mais tarde com a chegada de Miriam, que estava um pouco atrás. “Ao ouvir o grito de socorro do Wigold e em seguida o disparo da arma, imediatamente pedi que a minha filha Gabriela corresse até em casa e chamasse a polícia, relatou Miriam. Ela também relata que ao chegar perto do local viu o Wigold deitado no chão e o homem batendo nele com a coronha da arma: “Enquanto me aproximava fui tirando fotos para registrar a agressão e ao mesmo tempo reconheci o agressor e o chamei pelo nome”. Ao perceber a aproximação da Miriam e ver que ela também estava registrando o que acontecia, o agressor parou de espancar o Wigold e passou agredir a Miriam na tentativa de também lhe tirar a câmera fotográfica.

Os 2 ambientalistas ficaram ainda por mais de 20 minutos sob a mira da arma do caçador, que sob ameaça queria lhes tirar as câmeras fotográficas. A situação só parou quando Miriam anunciou que a polícia já deveria estar chegando pois a Gabriela saíra em busca de socorro logo após o disparo da arma. Pouco depois, o homem se afastou caminhando de costas, sempre com a arma apontada em direção ao casal, até se embrenhar na mata.

Os ambientalistas Wigold e Miriam, nascidos na região do Alto Vale do Itajaí, tem destacada atuação em defesa da Mata Atlântica. O casal voltou para Atalanta depois de 14 anos trabalhando em Brasília. Wigold trabalhou por mais de 13 anos no Ministério do Meio Ambiente e Miriam fortaleceu a atuação da Apremavi em colegiados de âmbito nacional, como a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), onde foi Coordenadora Geral. Hoje é Secretária Executiva do Diálogo Florestal Brasileiro e conselheira do Diálogo Florestal Internacional. Os dois são fundadores da Apremavi, que completou 26 anos este ano.

A situação vivida pelos ambientalistas aponta na verdade para uma realidade ambiental grave no Alto Vale do Itajaí e outras regiões de Santa Catarina, que é a caça. A caça de animais nativos é proibida no Brasil, mas continua sendo praticada e com um agravante, ela está sendo praticada por jovens, com equipamentos cada vez mais sofisticados, que acabam não dando nenhuma chance de reação aos animais e também acabam provocando situações como a vivida no último domingo.

As vítimas já denunciaram as agressões junto às Polícias Civil, Militar e Ambiental, bem como ao Ministério Público Estadual e Federal. Nos próximos dias, a Apremavi, juntamente com outras instituições de Santa Catarina e do Brasil, estará deflagrando uma ampla campanha junto aos órgãos públicos para que estes realizem operações de fiscalização da caça, soltura de animais aprisionados e apreensão de armas na região.

 

terça-feira, 23 de abril de 2013

"DESCOBRINDO O PARAÍSO"

IHP e MMX lançam livro com coleção biológica e nova espécie de percevejo
 
 
 
Fonte: Assessoria de Imprensa IHP em 22 de Abril de 2013

 
A descoberta de uma nova espécie de percevejo, nunca antes cataloga pela ciência no planeta, é um dos destaques do livro Descobrindo o Paraíso - Aspectos Biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista (RPPN-EEB), que será lançado pela parceria Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e MMX no dia 2 de maio, às 19h, na Casa Vasquez & Filhos, no Porto Geral, em Corumbá.
 
O percevejo descoberto na RPPN-EEB, na Serra do Amolar, a 180 km a noroeste de Corumbá, levou o nome de Rhyparoclopius aokiae, em homenagem a uma das pesquisadoras, a bióloga Camila Aoki. "Acreditando na máxima ‘Conhecer para Preservar', busca-se, através desse documento, aumentar o conhecimento biológico para o Pantanal Sul-mato-grossense e auxiliar nas estratégias da conservação da diversidade biológica", afirma, na apresentação, o fundador e conselheiro do IHP, Angelo Cipriano Rabelo.
 
O estudo detalhado da composição de invertebrados, segundo Rabelo, é uma das maiores contribuições da publicação para a ciência. Mais de 1100 espécies foram catalogadas, com a inclusão de 19 novos registros de espécies para Mato Grosso do Sul. Em fase de identificação estão inseridas 11 novas espécies. "O fato que chama a atenção nos dados que esse livro traz é que, para a maior parte dos grupos estudados, esta é a primeira listagem para a região", prossegue Rabelo. "A ciência de estudos técnicos e científicos para a área reforça a recomendação do Ministério do Meio Ambiente: a necessidade de inventários sobre fauna e flora", acrescenta.
 
O livro deve se tornar uma das sensações do mercado editorial após o seu lançamento e distribuição. Será importante nas pesquisas de especialistas, professores e alunos, e vai ampliar os horizontes da coleção biológica com fins didáticos. "Este livro mostra os resultados de expedições de inventário biológico feitas à RPPN-EEB nas estações seca e chuvosa, quando foram estudados tanto a flora local como diversos grupos de invertebrados, sempre ofuscados pela fauna vertebrada carismática, mas de maneira alguma menos importantes", ressalta, no prefácio, o revisor técnico Fábio Olmos.
Trata-se de uma publicação realizada por meio da parceria, estabelecida desde 2008, entre o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e a empresa MMX para a gestão da RPPN Engenheiro Eliezer Batista, localizada na Serra do Amolar, uma das regiões de maior beleza cênica e biodiversidade dentro do bioma Pantanal. O livro traz na íntegra os resultados obtidos desde a primeira campanha, na estiagem de 2010.
 
Garantir o empenho nos esforços de conservação desta valiosa região do Pantanal é o compromisso da parceria IHP - MMX e que pode ser traduzido nas páginas dessa valiosa obra. "Mais de um sábio, ao longo da História, notou que uma das medidas da civilização de uma sociedade ou de indivíduos é a forma como trata a Natureza. A iniciativa de MMX caminha no rumo certo", conclui Fábio Olmos.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

GOVERNO VENENO

 
Governo libera uso de agrotóxicos sem registro no País
 
AE - Agência Estado
Mesmo com dois pareceres técnicos contrários, o Ministério da Agricultura (Mapa) liberou o uso de um agrotóxico não registrado no País para combater emergencialmente uma praga nas lavouras de algodão e soja. A decisão, publicada anteontem no Diário Oficial, permite o uso de defensivos agrícolas que tenham em sua composição o benzoato de emamectina, substância que, por ser considerada tóxica para o sistema neurológico, teve seu registro negado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2007.
 
O uso de agrotóxicos no País é norteado por pareceres do Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos (CTA), formado por membros dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente e da Anvisa - os dois últimos são encarregados de avaliar os riscos do uso de defensivo para o meio ambiente e a saúde pública.Em março, diante da praga da lagarta quarentenária A-1 Helicoverpa armigera em lavouras do oeste da Bahia, representantes do Mapa solicitaram uma reunião extraordinária do CTA para a liberação do benzoato. A proposta era que o produto fosse usado emergencialmente até a safra 2014/2015.
 
No primeiro encontro, representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e da Anvisa foram contrários à liberação. De acordo com a ata da reunião, a maioria do grupo afirmava que os documentos apresentados não permitiam tal liberação.Diante da negativa, o Mapa solicitou uma nova reunião, realizada cinco dias depois. Nesse encontro, tanto a Anvisa quanto o Ibama mantiveram sua posição: não havia elementos suficientes para que a liberação fosse realizada.
 
 
O Mapa, no entanto, decidiu liberar o uso do benzoato. De acordo com o ministério, não é a primeira vez que a Agricultura adota uma decisão unilateral. Em 1986, de acordo com a assessoria, também houve liberação de agrotóxicos para combater uma praga de gafanhoto.
 
Além do benzoato, outros cinco tiveram seu uso liberado para o combate à praga: dois produtos biológicos (Vírus VPN HzSNPV e Bacillus Thuringiensis) e três químicos (Clorantraniliprole, Clorfenapyr e Indoxacarbe). A diferença, no entanto, é que os cinco já têm registro no País para uso em outras lavouras.O uso do benzoato será regulamentado numa instrução normativa, seguindo as observações dos Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde.


NOVA RPPN EM IPATINGA

 
IEF certifica fazenda como RPPN
 
Área de 51,38 hectares de mata atlântica está situada na APA Ipanema
 
IPATINGA – O município passou a contar com mais uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A área de 51,38 hectares de mata atlântica preservada integra os 98 hectares de extensão da Fazenda Córrego da Bucaína, localizada na Área de Preservação Ambiental (APA) Ipanema, de propriedade do aposentado Isaías Nogueira Coelho, 66. O fazendeiro formalizou o pedido de criação da RPPN na agência Ipatinga do Instituto Estadual de Florestas (IEF), na sexta-feira (05).
 
Para alcançar o reconhecimento da referida área como RPPN, o proprietário da unidade de conservação ambiental contou com o apoio da prefeitura, da Emater-MG, da Associação de Proteção Ambiental da Bacia do Ribeirão Ipanema e do Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Codema), cujos representantes presenciaram a entrega da documentação no IEF.
 
“Não vou cuidar dessa área para sempre. Com a criação da reserva, quero assegurar a proteção e a preservação da mata atlântica no local. O meu desejo é que esta área esteja ao alcance das futuras gerações do nosso município”, declarou Isaias Coelho sobre a área de RPPN, da qual 20% foi reconhecida como Reserva Legal há três anos.
 
Para o coordenador da Agência Avançada de Meio Ambiente de Ipatinga do IEF, Pedro Paulo da Silva Neto, a criação da RPPN é um compromisso do proprietário com o órgão governamental para proteção da área. “Uma vez reconhecida pelo IEF, a área é vistoriada periodicamente. Dessa forma, temos condições de proteger o local, conter incêndios, conservar os mananciais e desenvolver ações de proteção ambiental”, esclareceu.
 
Segundo o proprietário da Fazenda Córrego da Bucaína, são inúmeras as riquezas naturais presentes na área de preservação. Na lista estão três nascentes e espécies animais, como mono-carvoeiro, ou muriqui-do-sul; macaco-prego, sagui e esquilo, além de espécies vegetais, como o cedro, a braúna, o vinhático, a sapucaia e diversas árvores frutíferas.
 
A Fazenda Córrego da Bucaína é a segunda Reserva Particular de Patrimônio Natural de Ipatinga. Até a criação da RPPN do aposentado Isaías Coelho, o município possuía apenas a Fazenda do Zaca, localizada no Tribuna, reserva de mais de 17 hectares que integra o Centro de Educação Ambiental Portal da Mata Atlântica.
 
Ao reconhecer uma área de preservação ambiental como RPPN, todos os direitos e o domínio sobre a área são mantidos e o proprietário pode realizar pesquisas científicas e atividades de educação ambiental, além de abrir o local para visitação pública. Os principais benefícios ao se criar uma RPPN são: isenção do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); redução do risco de invasões e ocupações irregulares; apoio dos órgãos governamentais para a fiscalização e proteção da área.
 
Fonte: Diário do Aço


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE


Novas evidências de que a sustentabilidade rende dividendos
 
POR REGINA SCHARF # EM DE LÁ PRA CÁ
 
Foto de Emre Ayaroglu/Flickr
 
A MIT Sloan Management Review (revista da escola de administraçãodo Massachusetts Institute of Technology), em conjunto com os consultores do Boston Consulting Group, entrevistou mais de 4 mil executivos e gerentes de dezenas de países para mapear como as empresas, os governos e as ONGs estão enfrentando os desafios da sustentabilidade. Essa é a quarta pesquisa anual nessa linha produzida pela revista, que publica separadamente as conclusões por setor da economia. Esta semana saíram as conclusões quanto ao comportamento do setor privado, baseadas num universo de 2.600 entrevistas.
 
O estudo “The Innovation Bottom Line” (algo como Resultado Financeiro da Inovação) indica algumas tendências bastante positivas, como o acúmulo de evidências de que os investimentos em sustentabilidade compensam financeiramente. O número de entrevistados que já testemunharam isso subiu 23% desde o ano passado, chegando a 37% do universo pesquisado. O relatório, divulgado esta semana, também apontou que metade das empresas mudou seus modelos de negócios numa reação a oportunidades socioambientais, 20% a mais do que no ano passado. Essas mudanças ocorreram, principalmente, nos produtos e serviços oferecidos, nos processos da cadeia de valor e na estrutura organizacional.
 
Aqui, uma coletânea das conclusões (mas vale a pena ler o documento que tem bastante conteúdo):
 
* 46% dos entrevistados acham difícil quantificar as vantagens intangíveis adquiridas graças à sustentabilidade; 37% dizem que ela entra em conflito com outras prioridades; 40% dizem que a preocupação com a sustentabilidade aumenta os custos operacionais, o que acaba reduzindo os lucros, e 33% apontam um aumento dos custos administrativos;

* No universo das empresas que auferiram lucros graças aos investimentos em sustentabilidade, 61% discutem o tema no alto escalão; nesse mesmo universo, 60% dos entrevistados dizem que há um business case da sustentabilidade, ou seja, é um investimento que faz sentido;
 
* Foi solicitado que os empresários identificassem os três principais desafios de caráter geral que suas empresas enfrentarão nos próximos dois anos. Eles indicaram a necessidade de inovar para se diferenciar dos concorrentes (48%), reduzir custos e ganhar eficiência (46%), aumentar os ingressos (45%), atrair, manter e motivar profissionais de talento (39%);
 
* Eles também identificaram os três principais desafios ligados à sustentabilidade: escassez de energia ou volatilidade dos seus preços (78%), resíduos e sua gestão (52%), escassez ou acesso limitado às matérias primas (51%), mudanças climáticas (37%), escassez de água (28%), segurança alimentar (14%);

* Que fatores socioambientais levaram as empresas a modificar seu modelo de negócios? Os entrevistados podiam indicar quantos fatores quisessem: a preferência de consumidores por produtos e serviços sustentáveis (52%), a escassez de recursos naturais (39%), o crescente engajamento dos seus competidores com a sustentabilidade (38%), a pressão política ou legal (37%) etc.
 
* Os pesquisadores também perguntaram quais temas a empresa associa à sustentabilidade. Os entrevistados podiam indicar todos os itens sugeridos: sustentabilidade econômica da organização (63%), questões ambientais (62%), questões ligadas à responsabilidade social empresarial (61%), ênfase numa perspectiva de longo prazo (53%), saúde e bem-estar dos funcionários (52%), saúde e bem-estar dos clientes (35%) e questões de segurança (35%).
 
 
 
 
Surpresa: empresas de países da África, do Oriente Médio e da Ásia estão muito mais propensas a mudar seu modelo de negócios em resposta aos benefícios associados à sustentabilidade que empreendimentos em países ricos. As latino-americanas estão no meio do caminho, próximas às européias.



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MURIQUIS EM PERIGO

Deputados prometem impedir que a estrada cruze a RPPN

Ganhou corpo, durante a audiência pública promovida, na quarta-feira, 21, em Caratinga, pelas comissões de Transporte, Comunicação e Obras Públicas e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais,mobilização para evitar que a BR-474 invada a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Feliciano Miguel Abdalla, obrigando o Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) a manter o projeto original, que estabelece a construção de um desvio, retirando a estrada da reserva.

Biólogo Marcelo Nery explanou sobre os impactos que serão causados pela construção da estrada

O deputado Adalclever Lopes (PMDB), autor do requerimento para a realização da audiência, foi enfático em manifestar total apoio à luta da Família Abdala e da comunidade ambientalista, para impedir o asfaltamento dos seis quilômetros da rodovia que margeia a RPPN. “Audiência pública é a primeira ação para evitar que isso ocorra, levando o fato e a discussão a público. Eu, como presidente da Comissão de Propostas e Obras, assim como meus colegas, não permitirei isso, em hipótese nenhuma. Lutarei com unhas e dentes para que não haja a degradação desse patrimônio”.

Para o engenheiro Nívio Pinto Lima, Coordenador Regional do DER, o uso da palavra “invasão” é muito forte, deixando claro que não existe decisão alguma de pavimentar a rodovia cortando a reserva. “O projeto de conclusão da pavimentação da rodovia está em estudo. É evidente que o DER não vai e nem pode impor nada. Tudo está sendo negociado, conversado com órgãos do Estado e com o pessoal da Preserve Muriqui, sendo avaliado, analisado e em momento algum se falou em imposição. Precisamos ter cuidado, até, em fazer uma variante, para que ela também não seja danosa ao meio ambiente no futuro”.

Ele ressaltou, porém, que a alternativa, também, traria impactos, com grande volume de terraplanagem e cortes de barrancos de até 13 metros de altura, em terreno instável, sujeito a queda de barreiras. A variante teria entre sete e oito quilômetros. “Não há como fazer uma obra do porte de uma rodovia sem causar impacto. Mas estamos abertos a sugestões”.

O biólogo Marcello Nery, da Sociedade Preserve-Muriqui, administradora da RPPN, explicou que a estrada, mesmo de terra, já tem impacto sobre os animais, uma vez que ela separa a mata do rio Manhuaçu, usado por muitas espécies. “Dezenas e dezenas de animais são atropelados". Evaristo Hoste de Moura, participante da audiência, chamou a atenção para o fato de que a passagem da estrada pela reserva facilitaria o tráfico de animais silvestres.

Nos dias de hoje já se pode encontrar animais atropelados nas margens da estrada que corta a RPPN. Com asfalto, tendência é o aumento destes acidentes

O deputado Adalclever Lopes destacou a importância da RPPN. “A reserva não pertence só ao município de Caratinga, mas ao planeta! E precisa ser preservada! Por isso, a Comissão vai monitorar os projetos da obra. Não se pode permitir, em hipótese alguma, qualquer intervenção humana naquela região ou que seja feita a estrada dentro da reserva”.

Ele procurou tranqüilizar a comunidade ambientalista. “Há, apenas, uma sugestão, um estudo de viabilidade e não uma proposta clara e imediata de intervenção na reserva. Isso tira nosso temor sobre qualquer invasão. Nós, das Comissões de Transportes e de Meio Ambiente, não permitiremos qualquer tipo de intervenção que venha a causar danos à mata. Vamos nos mobilizar e impedi-la!”.

Além de Adalclever e do vice-presidente da Comissão de Transporte, Celinho do Sinttrocel (PCdoB), o deputado Gilberto Abramo (PMDB), também, manifestou seu apoio ao movimento, afirmando que acompanhará o desenrolar do caso. “Vocês têm mais dois aliados, além do deputado Adalclever”.

O proprietário da Fazenda Montes Claros, Roberto Abdala, elogiou a contribuição de Adalclever Lopes. “É compensador ver essa batalha e o deputado Adalclever abraçando a causa. Inclusive, gostaria de salientar que nesta semana estamos recebendo a visita de uma equipe de TV do exterior na reserva, para produção de um documentário sobre os Muriquis, que será exibido para o mundo inteiro durante a Copa do Mundo”.

Ele manifestou a posição de sua família. “Eu e meus irmãos somos contra a passagem dessa estrada dentro da reserva. Quando meu pai comprou a fazenda eram oito muriquis, hoje são 352. Nós, da Família Abdala, queremos continuar a preservar tal espécie, como meu pai fez ao longo de sua vida. Quando ouço algo sobre passar uma estrada dentro da mata, acho isso uma brincadeira. Por sinal, uma brincadeira de muito mau gosto”.

Fonte: A SEMANA AGORA

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

RPPN: SANTUÁRIO PROFANADO

RPPN: santuário em PERIGO!

Dnit ameaça asfaltar estrada dentro da Mata do Feliciano


Sapucaia existente na RPPN há mais de 500 anos

Os animais silvestres que habitam a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) “Feliciano Miguel Abdala”, entre os quais o Muriqui do Norte, o maior primata das Américas, tido como símbolo da luta pela preservação da Mata Atlântica, seu habitat, estão sob o risco de serem exterminados e a ameaça vem do próprio Governo Federal. Isto, porque o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) pretende manter a BR 474 cortando parte da reserva, abandonando a proposta contida no projeto inicial, desviando a rodovia da área preservada.

Recentemente, o jornal A Semana publicou matéria mostrando vários animais que foram atropelados por veículos que cruzam a RPPN, conhecida pelos mais antigos como “Mata do Feliciano”, cobrando a retomada da obra de asfaltamento da BR 474, interrompida há, aproximadamente, dois anos, devido à falta de aprovação do projeto de desvio, pelos órgãos ambientais.

A proposta de se fazer o desvio da estrada tem por objetivo, exatamente, evitar que veículos que trafegam pela BR 474, no percurso entre Caratinga e Ipanema, continuem atropelando os animais silvestres existentes na reserva, colocando um ponto final no problema.

Porém, segundo Roberto Abdala, filho de Feliciano Miguel Abdala e um dos proprietários da Fazenda Montes Claros, onde está localizada a RPPN, o Dnit está determinado a abandonar a proposta do desvio, em decorrência dos gastos que a obra do desvio acarretará, optando por manter a rodovia passando pela reserva.

Muriqui: espécie em extinção e protegida na reserva

De acordo com o ambientalista Antônio Bragança, diretor da reserva, além do atropelamento e morte de muitos animais, que tentam atravessar a estrada, para tomar água no Rio Manhuaçu, haverá outros malefícios, uma vez que criará a possibilidade de que um cigarro, jogado de um veículo, durante o período de estiagem, poder provocar um incêndio florestal de conseqüências incalculáveis, gerando danos irreparáveis. “O governo deveria, cada vez mais, incentivar a preservação ambiental e, não, devastar as riquezas naturais”.
Novela antiga
O asfaltamento da BR 474 é uma reivindicação de mais de 60 anos, usada pelos políticos como palanque eleitoral, alvo de incontáveis promessas, até hoje, não cumpridas. Como se fosse uma novela, a pavimentação da rodovia, no decorrer dos anos, vem sendo feita em etapas.

Em 2009, pelo esforço do deputado federal Alexandre Silveira, ex-diretor geral do Dnit, a obra foi retomada, sendo anunciada, pelo próprio parlamentar, a liberação de recursos suficientes para completar o asfaltamento da rodovia. Porém, o serviço foi interrompido quando restava, exatamente, o trecho onde seria feito o desvio que, agora, o Dnit não quer mais fazer.

Bastante revoltado, Roberto Abdala informa ter recebido visitas dos técnicos do Dnit. Inicialmente, eles solicitaram os documentos referentes à RPPN, numa outra visita, anunciaram que o órgão estaria abandonando o projeto do desvio e se preparando para asfaltar a parte da estrada que cruza a reserva.

A Luta pela Mata

A empreitada da Família Abdala, pela preservação das matas existentes na Fazenda Montes Claros é muito antiga. Ela foi iniciada na metade da década de 40, quando Miguel Feliciano Abdala comprou a propriedade com a exigência do antigo dono, de que ele lutasse para evitar que os macacos – muriquis – existentes nas matas da propriedade fossem mortos.

Deste então, até 2001, quando faleceu, aos 92 anos de idade, Feliciano Miguel Abdala manteve-se fiel à promessa, transformando-se em guardião do santuário ecológico existente em suas terras.

Neste verdadeiro sacerdócio, Seu Feliciano, como era conhecido, chegou às últimas conseqüências. Para expulsar os caçadores que ousavam invadir sua propriedade, em busca dos macacos, várias vezes chegou a trocar tiros e, antes de falecer, costumava mostrar com justo orgulho as marcas das balas dos caçadores, que atingiam as paredes de sua casa, como se fossem troféus.

Ao morrer, numa forma de perpetuar a luta e o amor de seu pai em defesa do Muriqui e, consequentemente, do remanescente de Mata Atlântica existente na Fazenda Montes Claros, seus filhos decidiram transformar os 957 hectares de mata, área correspondente a 72% de todas as terras da Fazenda Montes Claros, em uma RPPN, batizando-a com o nome do pai.


São comuns os atropelamentos de animais da reserva

A luta continua

Roberto Abdala, da mesma maneira que seu pai faria, está disposto a aplicar todos os esforços e recursos cabíveis para impedir que o Dnit asfalte o trecho da estrada que corta a reserva. “Mantendo-me fiel ao desejo de papai, caso seja necessário, irei à Justiça para impedir que o Dnit, atualmente, envolvido em escândalos e denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público, cometa mais este crime. Temos conversado com proprietários vizinhos, que comungam da mesma ideia, no sentido de mobilizar a população, os órgãos ambientais, estadual e federal, assim como as organizações conservacionistas nacionais e internacionais, para evitar esta tragédia”.

Ao ser informado da situação, o deputado estadual Adalclever Lopes (PMDB), presidente da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, informou que estará encaminhando pedido para que aconteça uma audiência pública em Caratinga, juntamente com a Comissão de Meio Ambiente de Desenvolvimento Sustentável, presidida pelo deputado Célio Moreira (PSDB), à qual estará encaminhando um requerimento neste sentido, solicitando urgência na realização desta audiência. “Temos que unir esforços em defesa desta reserva. É inconcebível que, um órgão que disponibiliza um orçamento do tamanho do gerenciado pelo Dnit, se disponha a cometer um crime de tal proporção, sob a inconsistente alegação de economia de gastos. Nós vamos lutar contra esta proposta! Podem ter certeza disso!”.

Fonte: A Semana Agora