terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Mocorongo

"Mocorongo" é um termo muito utilizado (em especial nos estados de SP, RJ e ES) que significa - segundo o Aurélio - caipira. Mas também pode ser usado para definir alguém brega, fora do contexto, burro!

Pois é assim que podemos definir quem destrói o meio ambiente, que derrubam árvores, prendem pássaros em gaiolas, espalham lixo por onde passam, são contrários às Leis Ambientais e ignoram a necessidade mais que tardia de ações para a proteção da biodiversidade.

É o que parece acontecer quando há a possibilidade de ser criada uma nova Unidade de Conservação. Os "mocorongos" da vida saem do armário, vomitam seus venenos e lutam contra qualquer iniciativa de criação de áreas de conservação da natureza, seja de uso sustentável ou de proteção integral, em qualquer parte do país. Geralmente é um grupo composto por políticos interesseiros, empresários predadores e pessoas ignorantes.

Evitam qualquer tipo de diálogo, usam de expedientes grosseiros, intimidação e argumentos nada consistentes para tumultuar e impedir o nascimento de uma área protegida por Lei. É o que parece estar acontecendo no litoral de Santa Catarina, conforme a matéria do Diário Catarinense desse último domingo:

Reportagem Especial

Paraíso sob perigo
Criação de reserva extrativista para a pesca artesanal em Garopaba e Imbituba provoca polêmica na comunidade do Litoral Sul do Estado

A criação de uma reserva extrativista de pesca artesanal englobando os municípios de Imbituba e Garopaba, no Litoral catarinense, está cercada de polêmicas e incertezas. O decreto que oficializa a área pode ser assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda no início de 2008.

A chamada Reserva Extrativista (Resex) da Pesca Artesanal de Imbituba e Garopaba prevê que uma área que se estende 30 quilômetros do Litoral local (18 quilômetros em linha reta) até uma faixa de 5 milhas náuticas (cerca de 10 quilômetros) mar adentro sejam utilizadas pelos pescadores artesanais da região.

Duas consultas públicas foram realizadas para discutir o assunto com a comunidade local. A primeira ocorreu, quarta-feira, em Garopaba. A segunda, na quinta-feira, no salão paroquial de Imbituba. Elas tiveram o objetivo de fazer ajustes na delimitação da área que fará parte da unidade ambiental. O objetivo da Resex seria proteger os meios de vida e a cultura do pescador local, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais. O projeto também prevê a preservação da área de 33 metros dos terrenos de Litoral, a partir da área de influência da maré, os chamados terrenos de marinha.

A polêmica da Resex inicia-se no ano de 2005. Foi quando o Fórum da Agenda 21 Local da Lagoa de Ibiraquera encaminhou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão que era então responsável pela criação e gestão de unidades de conservação federais, a solicitação de criação de uma reserva extrativista nos dois municípios.

A partir da solicitação, servidores do Ibama realizaram vistorias na região. O objetivo de avaliar se a solicitação era legítima e representativa, bem como viável. Estudos foram promovidos até outubro, quando 19 pesquisadores e gestores envolvidos participaram de um seminário de avaliação.

As reservas extrativistas são uma aposta do novo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que é o mais novo dos órgãos ambientais do governo federal. Criado em agosto último, o instituto surgiu do desmembramento do Ibama, e tem como principal missão administrar as unidades de conservação federais. Executa as ações da política nacional de tais unidades. Pode propor e implantar as unidades criadas pela União.

Hoje, existem 52 reservas do tipo extrativistas em todo o país, concentradas sobretudo na região Norte. Outras 117 estão em processo de criação, uma das quais no Litoral Norte de Santa Catarina, na região de São Francisco do Sul.

No entanto, comunidades locais de Garopaba e Imbituba, inclusive de pescadores, estão se posicionando radicalmente contra a criação da Resex. Entre os motivos que justificam a posição, a possibilidade de severas restrições aos investimentos econômicos nos dois municípios, sobretudo na área de turismo.



A beleza da Lagoa de Ibiraquera, em Imbituba - Foto: GUSTAVO RIZZI

Projeto deverá delimitar 30 quilômetros da costa

O projeto prevê a delimitação de uma área de 30 quilômetros de costa - cerca de 18 quilômetros em linha reta - que estende-se de Garopaba até a Lagoa de Ibiraquera, em Imbituba. O município mais atingido é Garopaba.

Um dos itens que intrigam moradores, pescadores e o poder público local é se existe a possibilidade de mudanças radicais nas áreas limites da reserva. O resumo da proposta de criação da Resex traz como critérios utilizados para a delimitação da proposta da unidade de conservação a "exclusão, sempre que possível, de residências de moradores não tradicionais ou de veraneio e de atividades legalmente instituídas, desde que não comprometam a manutenção da conexão dos ambientes naturais da área de estudo".

Para muitos dos que se posicionam contrários à reserva, o polêmico texto abre espaço para as desapropriações. A criação de um conselho, formado em sua maioria por pescadores, cria expectativas. Na mão desse conselho gestor poderia estar o destino de toda a área, caso a Resex seja implementada. Também há a preocupação de incluir na área da reserva "as maiores áreas possíveis de vegetação natural e dos abrigos para a fauna nativa".

A Praia de Garopaba, tradicional reduto de pescadores - Foto: MARCELO BITTENCOURT



Decreto pode sair no início de 2008

O coordenador-geral de reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável do Instituto Chico Mendes, Alexandre Cordeiro, prevê que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa assinar o decreto que institui a reserva extrativista de Garopaba e Imbituba já no início do ano.

Cordeiro coordenou as duas consultas populares, que servirão para ajustar os limites da área que será transformada em reserva. De acordo com Cordeiro, não haverá desapropriações ou prejuízo às atividades que são desenvolvidas nos dois municípios.

Ele explica que os estudos indicam "fortíssima viabilidade" para criar a Resex. Os custos com desaproriações são baixos. De acordo com ele, o Instituto Chico Mendes não vai "desenvolver atividades desapropriatórias".

- Criou-se uma idéia de que nós vamos desapropriar muita gente, mas não é nada disso. O que muda, basicamente, é que haverá benefícios para a pesca artesanal. Grandes pesqueiros vão poder navegar, mas não poderão pescar dentro dos limites da Resex. Também não haverá restrições aos esportes náuticos - explica o coordenador-geral.

De acordo com o Cordeiro, há desinformação sobre o projeto.



Comunidade terá representantes

Após a criação da Resex, será instituído seu conselho gestor, formado em sua maioria por pescadores, mas também por representantes da comunidade, ainda a serem definidos.

A partir daí, deve ser elaborado o chamado plano de manejo e sua zona de amortecimento. Isso é que tem tornado mais difícil o entendimento entre o governo e a população contrária à reserva.

O plano de manejo da Resex seria o conjunto de diretrizes, especificadas através de pesquisa e levantamentos, para proteger fauna, flora, recursos hídricos. Deve prever o que é necessário ser feito para proteger e utilizar a reserva de maneira adequada.

Esse plano pode demorar até cinco anos para ser concluído. Nesse período, está prevista a utilização da área de amortecimento. O conselho terá poder de indicar em que pontos da reserva e até que distância da reserva ficaria tal área. Nela, as atividades estão sujeitas a normas e restrições específicas.

Muitos dos locais contrários à idéia alertam que a chamada zona de amortecimento poderia inviabilizar a atração de empresas e mesmo afugentar empreendimentos que já existem nessas áreas.

- A preocupação nessa área será com atividades de grande impacto, como rodovias ou hidrelétricas. Construção civil e obras urbanas serão responsabilidade e fiscalização do poder público estadual. A maior preocupação é com as bacias hidrográficas da área - diz Alexandre Cordeiro. (RM)

Pescadores estão divididos na questão

Embora tenham se apresentado em menor número nas audiências públicas, os defensores da reserva extrativista entendem que a unidade dará um salto de qualidade de vida e de desenvolvimento para as comunidades locais.

Crêem numa circunstância que beneficie ao mesmo tempo a preservação ambiental e melhorias no turismo. A demanda pela criação da reserva partiu da Associação de Pescadores da Comunidade da Ibiraquera (Aspeci).

- A restrição de pesca industrial será excelente, pois nos garante o retorno da boa pescaria artesanal. Na parte continental, o turismo sai ganhando também. Muita gente não pode chegar perto das lagoas em algumas áreas porque foram colocadas cercas indevidas. A Resex vai acabar com isso - argumenta o pescador Joceli José Ribeiro.

Mas um grande número dos pescadores artesanais da região que estará dentro de seus limites está reagindo. Em Imbituba, uma das colônias que tem demonstrado grande descontentamento é a Z-13. Seu presidente, Antônio Carlos Teixeira, demonstra descontentamento com a idéia.

- Mais de 90% dos nossos associados são contra essa Resex. A categoria vai ser "podada", pois irão impor restrições da pesca nas três maiores lagoas da região - explica.

Outro nome tradicional da região, o empresário Marco Aurélio Morongo, também questionou a Resex.

- Vocês chegaram tarde aqui, pois Garopaba e Imbituba cresceram e têm uma economia forte sem precisar de vocês - disse na quarta-feira.

Para Morongo, dono de uma das grandes indústrias de acessórios de surfe do país, Garopaba nunca precisou do Ibama pois os moradores sempre cuidaram bem da natureza.

Prefeitos contestam a iniciativa

O prefeito de Imbituba, José Roberto Martins (PSDB), e o de Garopaba, Luiz Carlos Silva (PP), são contrários à criação da reserva. O temor são os efeitos que o fato poderá ter na vida econômica e social em cada um dos municípios.

Martins defende a realização de um plebiscito para que a população local tenha poder de decidir pela criação ou não da Resex.

- A implantação da reserva não passou pelo Congresso Nacional e nem por plebiscito, mas está sendo concluída. Se isso acontecer, acaba com a autoridade política e administrativa de toda a região - alerta.

Para ele, a legislação ambiental já está bem definida, e o poder público age com base no que determina a lei.

- Hoje, se eu autorizar uma obra irregular, vou preso. Mas com a Resex, vou ter que pedir autorização para fazer uma obra pública no meu município - lembra Martins.

Ele ainda afirma que a maioria da população do município está contra a idéia.

- Como prefeito, tenho obrigação de respeitar a vontade da minha população. Se for necessário, vamos para a Justiça - alerta.

O prefeito de Garopaba também acha que o plebiscito seria uma alternativa interessante para determinar a criação ou não da unidade. Ele participou da consulta promovida em Imbituba, na quinta-feira.

- Garopaba já faz parte do Parque da Serra do Tabuleiro e da Área de Preservação Ambiental (APA) da Baleia Franca, que também abrange Imbituba. Com isso, não há necessidade de uma Resex, mas poderíamos ter um plebiscito para validar a vontade do povo - sugere o prefeito.

Restrições preocupam empresário nativo

Natural de Ibiraquera (Imbituba), descendente do pioneiro Francisco Teixeira de Souza Filho, o empresário Maro Odi de Souza é um dos articuladores do movimento contrário.

- A unidade poderá criar várias restrições, especialmente com a área de amortecimento. Os investimentos não vão vir. Quem quiser investir no turismo daqui, por exemplo, vai acabar fugindo - alerta.



Agentes da Polícia Federal e soldados da PM, armados, garantiram a segurança no salão do Esporte Clube Campinense, local do encontro em Garopaba

Consultas ocorrem sob tensão e acusaçõesA consulta pública realizada quarta-feira para que a população de Garopaba pudesse questionar e apresentar alterações na proposta de criação da Reserva Extrativista da Pesca Artesanal (Resex) foi marcada pela tensão e tumulto.

Agentes da Polícia Federal e soldados da Polícia Militar (PM), todos armados, garantiram a segurança no salão do Esporte Clube Campinense e evitaram que os mais exaltados iniciassem alguma confusão.

Por volta das 18h, horário marcado para o início da consulta, cerca de 400 integrantes do grupo "Natureza Sim, Resex Não" já estavam em volta do clube. Uniformizados e com bandeiras, eles acreditam que a futura reserva coloque em risco a economia de Garopaba e de Imbituba.

Para manter a ordem, cerca de 300 pessoas tiveram o acesso ao clube e os demais precisaram acompanhar a audiência do lado de fora. A animosidade dos participantes acompanhou toda a audiência, desde a formação da mesa diretora, por volta das 19h20min, até as 23h30min, quando encerrou o evento.

Por causa disso, os integrantes do Ibama e Instituto Chico Mendes tiveram dificuldades para apresentar de maneira formal todo o projeto da Resex. Após as explicações, os organizadores concederam um espaço para que 40 pessoas, devidamente cadastradas, pudessem fazer questionamentos. Cada uma delas tinha dois minutos para as indagações, tempo quase sempre extrapolado em razão da euforia e indignação do público contrário à criação da Resex.

O medo das desapropriações sem indenizações e restrições de toda ordem foram os principais questionamentos do público contrário à Resex. No lado dos favoráveis, os pronunciamentos destacavam a preservação da pesca e meio ambiente, instrumentos que, segundo eles, são fundamentais para a manutenção do turismo nas praias e lagoas da região.

Na quinta-feira a consulta pública sobre a proposta de criação da Resex ocorreu em Imbituba. Diferente do clima de tensão que tomou conta da reunião de Garopaba, os ânimos dos manifestantes estiveram mais calmos, o que tornou desnecessária a revista no portão de acesso. A PM também não precisou portar armas para manter a segurança no salão paroquial da Igreja do Centro.

Mesmo com as vaias do grupo de manifestantes "Natureza Sim, Resex Não", a apresentação do projeto da reserva extrativista por parte do Ibama e Instituto Chico Mendes foi feita sem muitos problemas.

Episódios exigiram atenção da polícia

A consulta teve apenas dois episódios que exigiram maior atenção da PM. Primeiro, uma participante favorável à Resex tentou tirar satisfações do vereador de Garopaba, Jucélio de Souza (PP).

Pouco depois, os dois grupos rivais se provocaram durante alguns instantes, mas a confusão logo foi acalmada. No fim, alguns participantes e integrantes da mesa diretora trocaram acusações de antigos desdobramentos políticos locais que pouco contribuíram para os esclarecimentos sobre a Resex.

Situação foi mais tranqüila na segunda reunião, na quinta-feira, em Imbituba

As alegações:

Os contrários à Resex

O projeto está sendo imposto à comunidade local. Só tornou-se público quando já estava pronto. As reuniões anteriores teriam sido promovidas sem muito alarde e o que parece é que empresários e muitos pescadores só ficaram sabendo agora da intenção.

A criação e extensão da chamada área de amortecimento. Não há nenhuma definição sobre sua necessidade. Mas em alguns parques, como o da Serra do Tabuleiro, a área de manejo chega a 10 quilômetros de extensão, ou seja, num raio de 10 quilômetros só poderiam ser feitas obras ou novas construções mediante a aprovação do conselho gestor da Resex. O município não teria mais poderes sobre essas áreas.

Grande parte dos pescadores que participaram das consultas públicas alega que hoje poucos vivem só de pesca. A maioria aluga casas e barracos para os turistas, também trabalha em comércio e serviços (turismo) ou na construção civil. Temem, portanto, o efeito que a Resex terá em sua subsistência.

A falta de escritura de propriedades também amedronta os moradores locais. Muitos não possuem escritura pública de seus terrenos. Desapropriações seriam feitas sem nenhum amparo oficial, e sem que os moradores recebessem qualquer quantia
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Colônias de pescadores também questionam o apoio que o Instituto Chico Mendes alega receber de pescadores artesanais. Dizem que a associação de pescadores que encampa a reserva não representa a maioria.

Os favoráveis à Resex

Tanto representantes do Instituto Chico Mendes quanto a comunidade favorável ao projeto alegam que a Resex foi amplamente discutida. Listam um total de 40 reuniões técnicas, 15 reuniões comunitárias, oito plenárias da Agenda 21 e mais três seminários.

Os defensores da reserva destacam que a área de amortecimento não foi delimitada ainda. Só será definida pelo conselho depois do decreto de criação da Resex ser assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não se sabe como será resolvida a questão da área.

Segundo os representantes do Instituto Chico Mendes, a Resex tem intenção de preservar a natureza e incentivar o turismo inteligente. A Resex só permite a pesca artesanal com o objetivo de gerar subsistência das famílias de pescadores e preservar as suas tradições. Querem acabar com a pesca profissional e a especulação imobiliária.

Um plebiscito para referendar a vontade da comunidade, como sugere o prefeito de Imbituba, Beto Martins (PSDB), poderia ser realizado, mas não faria muito sentido, já que a Resex não vai tomar terras municipais e sim as terras federais, especialmente os terrenos de marinha. n

* Colaborou Ligia Gastaldi
MARCELO BECKER Imbituba/Garopaba






quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Gisele Bündchen toma um solzinho. Será que passou protetor solar?

Protetor solar parece continuar a ser um item de luxo - ainda mais com seu preço nada acessível para a maioria da população - mas com o aumento da radiação solar, deveria ser incluído como ítem da cesta básica e campanhas serem feitas orientando cada vez mais as pessoas do perigo da exposição solar exagerada.
Mas nas portas do verão, basta dar um pulo nas praias em pleno sol a pino para ver que tem muita gente desinformada, ou pior, despreocupada com um problema de saúde dos mais graves, o câncer de pele. Sem dizer nas manchas e envelhecimento precoce.
Parece que a Organização Mundial da Saúde está se atentando para esses fatos e é uma prova do preço que vamos pagar pela degradação ambiental, como mostra a notícia abaixo:


OMS lança campanha para proteção contra mudanças climáticas

Os fenômenos ambientais catastróficos estão sendo cada vez mais comuns em todas as regiões do globo. Mudanças climáticas são percebidas no cotidiano das pessoas, bem como ao longo dos anos, onde períodos bem definidos de seca e chuva, calor e frio são inconstantes e irregulares. A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançará uma campanha, que estará focada no Dia Mundial da Saúde de 2008, cujo tema é "Protegendo a saúde contra as mudanças climáticas".

Os esforços da OMS, em garantir a segurança e a paz globais, incluem o alerta sobre o impacto das modificações do clima sobre a saúde individual e coletiva. Os profissionais de saúde constituem a linha de frente, na identificação das repercussões que as alterações climáticas acarretam sobre a saúde, segundo afirma Dr Margaret Chan, diretora regional da OMS. As populações mais vulneráveis são aquelas residentes em países onde doenças como malária, desnutrição e diarréia são endêmicas, e cujo sistema de saúde é ineficaz em prover medidas de prevenção, detecção e controle das enfermidades.

As estratégias preconizadas pela entidade incluem a sensibilização de governantes, acerca da importância do controle dos agravos à saúde, relacionados às modificações climáticas, bem como ao esclarecimento da população mundial sobre medidas de prevenção dos agravos. Assim, o dia Mundial da Saúde de 2008, que ocorrerá em todas as partes do mundo, promoverá o envolvimento de comunidades e organizações, visando a promoção da saúde e esclarecimentos acerca de doenças associadas as mudanças no clima.

Fonte: WHO 2007.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Adeus cachoeiras



Pelo andar da carruagem, banho de cachoeira será um artigo de luxo cada vez mais raro.

Em Angelina estão construindo quatro PCHs (Pequena Central Hidrelétrica), além da já quarentona Usina do Garcia. Brasil afora estão mapeando toda e qualquer cachoeira em busca de potenciais hidrelétricos para suprir a crescente demanda por energia, transfigurando os ecossistemas de maneira irreversível.

E o velho Chico, como é chamado o rio São Francisco, deverá sofrer mais ainda com a transposição de suas águas. Veja abaixo a opinião do jornalista Ricardo Noblat em seu blog sobre a greve de fome do Bispo da Barra (BA) Dom Cappio:

Enviado por Ricardo Noblat - 17.12.2007 18h43m
Se o bispo quer morrer de fome, que morra. Seria uma pena

Lula autorizou seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, a abrir canal de negociação com o bispo da Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, que está em greve de fome desde 27 de novembro em protesto contra as obras de transposição do rio São Francisco.

Carvalho esteve na manhã desta segunda-feira na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e anunciou que as obras não serão retomadas antes do dia 7 de janeiro de 2008, independentemente do resultado do julgamento da liminar que suspende as obras, o qual deverá ocorrer nesta quarta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF). Leia mais aqui

(Comentário meu:
Não me lembro de nenhum bispo que tenha feito greve de fome porque a ditadura militar inaugurada no país em 1964, e que durou 21 anos, torturava e matava presos políticos. Lembro-me de bispos e de padres corajosos que enfrentaram a ditadura, denunciaram seus crimes e que por isso foram perseguidos, presos e torturados. Pelo menos um deles se matou depois, vítima da insanidade desatada nele pela tortura.

Dom Cappio quer impor sua vontade ao governo. E o método escolhido por ele não é o melhor. Fere frontalmente a doutrina da Igreja que ele diz respeitar. Em resumo, e como observou com razão o ministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social, o que diz dom Cappio com seu gesto é muito simples: "Ou vocês suspendem o projeto de transposição das águas do rio São Francisco ou eu me mato". Isso é autoritarismo puro, descabido e intolerável. Imagine se a moda pega.

O eleito para governar foi Lula - não foi dom Cappio. Lula que arque com as consequências de um projeto polêmico, mal explicado, que divide opiniões no Nordeste e fora dele. Dom Cappio tem o direito de protestar contra o projeto, de pedir seu arquivamento, de organizar manifestações e de bater duro no governo que o patrocina. Mas é só. Abusa dos privilégios que lhe concede sua sotaina reverendíssima quando reincide em greve de fome.

Se não fosse bispo, ninguém estaria prestando atenção nele. Dom Cappio não é e não deveria ser um problema do governo. Que o Vaticano e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) cuidem dele. A CNBB tomou a respeito posições contraditórias. A primeira quando emitiu nota pedindo aos cristão que se solidarizem com o bispo e que jejuem junto com ele. A segunda quando escreveu a dom Cappio pedindo que suspendesse a greve.

Como se solidarizar com o bispo e jejuar junto com ele se a greve de fome, que entrou hoje no seu vigésimo primeiro dia, deve ser interrompida como pediu a própria CNBB? O Vaticano mandou que dom Cappio voltasse a comer. Ele respondeu que por enquanto não o fará. Conta com o apoio de alguns movimentos sociais que tiram partido do seu gesto. E de políticos equivocados de todos os matizes. Até o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) já foi tomar a benção ao bispo.)


sábado, 15 de dezembro de 2007

Cadê a RPPN?



12/12/2007 - Áreas Naturais
Loteamento ameaça área natural de Belém Novo, em Porto Alegre

A audiência pública sobre a construção do segundo loteamento do Condomínio Residencial Terra Ville, que deveria ter sido realizada no dia 6 de dezembro, foi suspensa por recomendação do Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMAM) de Porto Alegre.

Porto Alegre, RS - Os representantes da Câmara Técnica de Áreas Naturais do COMAM fizeram uma visita ao loteamento localizado em área natural, no bairro Belém Novo, e constataram irregularidades pendentes ainda da primeira etapa da obra, em 2002. Uma reunião entre a Secretaria do Meio Ambiente (SMAM) e os representantes do Terra Ville deverá ser marcada para discutir o projeto.

Na construção do primeiro loteamento, a empresa fez alterações no arroio Guabiroba. Na época, a ONG Guardiões do Lago Guaíba denunciou o fato e foi feito um termo de ajustamento junto ao Ministério Público. Para compensar o dano ao meio ambiente, o empreendedor deveria implantar na área uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) – o que não foi feito até hoje.

A empresa também havia construído molhes de pedra dentro do Lago Guaíba e uma base de concreto e guarita em área de preservação permanente – o que gerou uma nova denúncia contra o Terra Ville. Na época, um laudo feito pela SMAM e pelo DMAE sugeriu que as obras fossem desmanteladas, mas elas continuam no local.

Além disso, a SMAM solicitou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para toda a gleba do empreendimento. Só que o laudo de vegetação e estudo de fauna apresentado pelo empreendedor não contempla as áreas de Reserva Técnica, RPPN e Preservação Permanente. Segundo relatório feito pelos conselheiros do COMAM, falta uma análise do impacto do empreendimento sobre todas estas áreas. Não se sabe ainda, por exemplo, que consenqüências pode ter o lançamento de esgotos do condomínio na vizinhança, além da zona de influência direta.

A área escolhida pelo Terra Ville é privilegiada, com ligação para o Lago Guaíba. Lontras, capivaras e ariranhas foram identificadas na região que, por suas características, tem potencial para virar parque ecológico. A proposta do Terra Ville inclui a exploração do ecoturismo naquela região.

Por recomendação do COMAM, a SMAM suspendeu a audiência até que sejam aprofundados os estudos sobre os impactos do empreendimento e resolvidas as questões anteriores.

A decisão vai permitir que a comunidade se informe sobre o projeto do Terra Ville e ajude a controlar os danos à natureza naquela região.

Entenda mais

O empreendedor do Terra Ville está requerendo licença para implantação da segunda etapa do seu condomínio residencial numa área de 260,81 hectares. A região é de balneário e tem também característica rural. A área sugerida para o condomínio tem grande potencial de virar parque ecológico, com espécies vegetais imunes ao corte, banhado, animais silvestres, além de locais de preservação permanente junto à orla do Guaíba. O primeiro loteamento foi feito em 2002.

O empreendimento aguarda decisão judicial que conceda usucapião sobre grande parte das áreas não abordadas no estudo, para regularização da escritura. O empreendedor optou em construir na área que está regularizada, ficando o restante como Reserva Técnica.

Sobre o COMAM

O Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMAM) é o órgão máximo de disciplina e orientação dos assuntos ambientais de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foi criado pela Lei Complementar nº 369, de 16 de janeiro de 1996.

É presidido pelo secretário municipal do Meio Ambiente e formado por 27 entidades determinadas por lei, entre organizações sociais e representantes de departamentos e secretarias. Os conselheiros são indicados por estas entidades e cada membro tem dois anos de mandato.

Entre outras ações, o COMAM pode examinar qualquer matéria em tramitação no Município que envolva questões ambientais, a pedido do Prefeito ou por solicitação de um terço de seus membros; encaminhar ao Prefeito sugestões para a adequação de leis e demais atos municipais às normas vigentes sobre proteção ambiental e de uso e ocupação do solo; manifestar-se sobre convênios de gestão ambiental entre o Município e organizações públicas ou privadas e acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros e materiais destinados pelo Município à gestão ambiental;

As reuniões plenárias do COMAM acontecem sempre na última quinta-feira do mês, na sala 111 da sede da SMAM, na Avenida Carlos Gomes, 2120, com início às 14 horas. Os encontros são abertos ao público.

Texto distribuído pela ONG Integridade, Porto Alegre

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Divórcio é prejudicial ao meio ambiente

Divórcio é prejudicial para o meio ambiente, diz estudo

Casais que se separam consomem mais água e energia do que quando vivem juntos
O divórcio não é só ruim para a saúde, mas também para o meio ambiente, segundo um estudo da Universidade do Estado do Michigan, que diz que os casais que se separam consomem mais água e energia que quando vivem juntos.

A análise, publicada pelo diário The Washington Post em sua edição dessa terça-feira, destaca que os casais que vivem juntos e as famílias ao redor do mundo utilizam os recursos de forma mais eficiente que os lares de pessoas separadas.

Os pesquisadores calcularam que em 2005 os lares de americanos separados consumiram de 42% a 61% mais recursos por pessoa que antes do divórcio, com gastos 46% maiores em eletricidade e 56% maiores com água.

O relatório, publicado previamente pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS) também informa que se os casais divorciados tivessem ficado juntos em 2005, os EUA teriam economizado 73 bilhões de quilowatts/hora de eletricidade e 2,370 bilhões de litros de água só no ano em questão.

Jianguo Liu, um dos co-autores do estudo, afirmou que os lares nos quais vivem casais utilizam a energia e a água de forma mais eficiente que os dos divorciados, porque compartilham dos mesmos recursos, incluindo luz e calefação.

Além disso, os lares de divorciados que os autores pesquisaram entre 1998 e 2002 utilizam mais espaço.

AGÊNCIA EFE