sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

VII EDITAL DO PROGRAMA DE INCENTIVO ÀS RPPN DA MATA ATLÂNTICA



PROGRAMA DE INCENTIVO ÀS RPPNS DA MATA ATLÂNTICA ABRE INSCRIÇÃO PARA VII EDITAL DE PROJETOS, PRIMEIRO A ENGLOBAR TODA A MATA ATLÂNTICA

Com recursos de Funbio/KfW, TNC e Bradesco Cartões, iniciativa destina R$ 500 mil para criação e gestão de reservas particulares

Acesse aqui a íntegra do edital


O Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) da Mata Atlântica, coordenado pelas ONGs Conservação Internacional, Fundação SOS Mata Atlântica e The Nature Conservancy (TNC), está com inscrições abertas para seu VII Edital de projetos, pela primeira vez englobando toda a Mata Atlântica. Um total de R$ 500 mil, compostos com recursos do Bradesco Cartões, da TNC e da parceria inédita com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e o banco alemão KfW, será destinado para criação individual, em conjunto ou para projetos de elaboração e implementação de Planos de Manejo. As propostas devem ser encaminhadas por correio até o dia 16 de fevereiro. Desde o primeiro edital, o programa já beneficiou 172 projetos, num total de 260 RPPNs em processo de criação que protegem mais de 16 mil hectares em áreas de remanescente chave para a conservação da Mata Atlântica. O número total de RPPNs na Mata Atlântica é de 565.

O lançamento do Edital vem acompanhado de algumas novidades. Pela primeira vez, apoiará os proprietários de terras em todo o bioma Mata Atlântica: 3.276 municípios e 1.300.000 km2. “Esse edital vai representar uma boa oportunidade para regiões que nunca foram beneficiadas pelo Programa, agregando novos proprietários à causa da conservação privada. Vamos poder mapear o interesse dos proprietários de outras regiões, além dos corredores de biodiversidade já contemplados nos editais anteriores”. É o que espera Érika Guimarães, coordenadora do Programa, o qual tem contribuído para aumentar em quase 50% o número de RPPNs no bioma, mostrando, por um lado, o interesse de proprietários de terra em conservação e, por outro, o grande potencial dessa categoria de Unidade de Conservação para o fortalecimento de políticas de proteção da Mata Atlântica.

Parte da verba que será destinada aos projetos, de R$ 500 mil, é oriunda de uma doação feita no final de 2008, pelo Ministério do Meio Ambiente alemão, através do banco KfW, para o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) no valor de € 2 milhões (cerca de R$ 6,5 milhões) a serem destinados a projetos de conservação da Mata Atlântica. “Esses são os primeiros recursos disponibilizados pelo Fundo de Conservação da Mata Atlântica - Funbio/KfW, e destinam-se a uma série de ações de conservação no bioma, como apoio ao combate de incêndios florestais em unidades de conservação federais.”, destaca Pedro Leitão, secretário geral do Funbio. “Esta parceria traz um novo e importante fôlego para o Programa, aumentando a escala e possibilitando valorizar a iniciativa dos proprietários que encaram o desafio da conservação. Esperamos que mais e mais empresas e órgãos de financiamento venham participar desta rede.”, comenta Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da SOS Mata Atlântica.

Os projetos selecionados receberão até R$ 8 mil para criação individual, até R$ 25 mil para criação em conjunto e para elaboração e implementação de planos de manejo (categoria que pelo segundo ano é incluída no Programa).

Histórico:

Desde o seu início, o Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica focou os corredores de biodiversidade – Corredor da Serra do Mar, Central da Mata Atlântica, do Nordeste e Ecorregião Florestas com Araucária - como alvo inicial de investimentos. Eles são uma estratégia de conservação utilizada para a proteção da biodiversidade em diferentes escalas, mas com enfoque regional, buscando o manejo integrado da rede de unidades de conservação, contribuindo para manter ou incrementar a conectividade da paisagem. As estimativas indicam que, se adequadamente manejados, esses corredores podem, coletivamente, proteger 75% das espécies ameaçadas da Mata Atlântica.

As RPPNs são importantes para proteger o entorno de unidades públicas como parques e reservas biológicas, reduzindo a pressão externa e contribuindo para a conservação de inúmeras espécies ameaçadas de extinção da Mata Atlântica como o mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e o papagaio-chauá (Amazona rhodocoryta), entre outras. Dessa maneira, é fundamental a participação dos proprietários de terra na proteção do nosso patrimônio natural.

Pensando nisso, foi lançado em 2003 o Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica, com recursos do CEPF (Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos) e do Bradesco Cartões, para apoiar projetos de criação e gestão de RPPNs nos Corredores da Serra do Mar e Corredor Central da Mata Atlântica. Os projetos são apoiados por meio de editais lançados periodicamente e esta foi a primeira linha de financiamento no Brasil a atuar diretamente em projetos de proprietários de reservas (pessoa física), com o mínimo de burocracia.

Em 2006, a parceria foi estendida à The Nature Conservancy (TNC) e passou a contar também com patrocínio do Bradesco Capitalização, o que permitiu que o Programa ampliasse sua área de atuação para o Corredor do Nordeste e a Ecorregião Floresta com Araucária, além do lançamento de uma nova linha de financiamento de projetos por meio de Demanda Espontânea.

SERVIÇO:

As propostas e os documentos necessários para análise devem ser encaminhados impreterivelmente até 16 de fevereiro de 2009 (data de postagem no correio) para:

Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica
Aos cuidados de Erika Guimarães
Rua Manoel da Nóbrega, 456
04001-001 – São Paulo - SP

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

BELA INICIATIVA!

De fogão a roupinhas de bebê, Um grupo de paulistanos usa a internet para doar e receber objetos em uma rede que supre necessidades, mas também diminui o desperdício e o consumismo.



Rosângela Braga, 36, com a filha recém-nascida, Marina, com 17 dias - Beatriz Toledo/Folha Imagem


TROCA-TROCA VIRTUAL
por Ocimara Balmant

Marina Braga Gentile nasceu há 17 dias no Hospital Metropolitano, na Pompéia. Para enfrentar o inverno paulistano, a menina, de 50 cm e 4 kg, saiu da maternidade vestida com casaquinho e sapatinhos de lã. O modelito, novinho em folha, foi presente de desconhecido, via internet. E, atenção, não foi caridade!

A mãe de Marina, a psicóloga Rosângela Braga, 36, participa da Freecycle (www.freecycle.org), rede que reúne internautas doadores e receptores de tudo o que se imagina. Pode ser livro, gato, equipamento odontológico e até piano. "Arrumei todas as roupinhas e vi que faltavam peças de lã. Não pensei duas vezes. Postei o pedido no site e umas dez pessoas se propuseram", conta a psicóloga, que, pela primeira vez, é receptora. Desde que soube da iniciativa, há cerca de um ano, Rosângela já doou computador, disquetes, sapatos e livros. "Vi que um americano doou até a casa. Quis participar também e comecei pelo que estava sobrando no meu apartamento. Agora, chegou a minha vez de pedir. Recebi mais do que esperava e muito rapidamente", relata.

No mundo todo, a Freecycle reúne cinco milhões de pessoas em mais de 80 países. Mas a idéia do que se chama "economia da doação" surgiu despretensiosa, em 2003, no Arizona, EUA. Deron Beal, o fundador, trabalhava para um grupo ambientalista que buscava manter bens utilizáveis fora de aterros sanitários. Um dia, a instituição quis doar materiais de escritório de que não precisava mais, e Beal teve dificuldade em encontrar, com rapidez, alguém que precisasse.

Foi quando percebeu que, se pudesse postar a oferta em uma lista de e-mail, economizaria tempo. Nascia a organização que, hoje, recebe 30 mil novos membros a cada semana. O esquema de funcionamento é simples: o usuário entra no site e se cadastra no grupo da cidade em que mora, para facilitar a troca de informações e a entrega dos objetos. Depois, é só postar os pedidos e doações.

No Brasil, a rede ainda é pequena. Além do grupo de São Paulo, o maior, com 650 membros e pouco mais de dois anos de existência, há apenas outros sete no país. O antropólogo Guilherme Falleiros, 31, é um dos moderadores da lista paulistana. Assim que descobriu o grupo americano, entrou em contato com os organizadores e recebeu permissão para abrir uma "filial" na capital paulista, a primeira do Brasil. "Me interessei porque a Freecycle possibilita uma solidariedade que não se baseia na caridade, que pressupõe uma desigualdade. Aqui não: doadores e recebedores se confundem, se alternam. E sem que haja troca", diz.

Há um mês, Guilherme saiu de sua casa em Santo André e foi buscar um gatinho que estava sendo doado na Vila Prudente, na zona leste. Foi sua primeira participação. A atividade do moderador se resume a aprovar ou não as mensagens que são enviadas para a lista. Só são censuradas ofertas que citam valores ou que propõem troca. Fora isso, não há registro formal dos itens que são doados ou aceitos e nenhuma barreira à participação de qualquer pessoa.

Sem explicações

Foi exatamente essa "falta de questionamento" que motivou Rosângela. Ela diz que, assim que pediu as roupinhas para o seu bebê, as únicas perguntas que recebeu, também por e-mail, foram quanto ao sexo da criança e a época do nascimento, além dos votos de "boa sorte no parto". "Ninguém me perguntou por que eu queria os casaquinhos, como é minha vida ou com o que trabalho", conta.

Quem participa diz que as indagações são mesmo dispensáveis, já que a idéia não é fazer caridade. "O que faço é por ideologia, pela proposta do não-desperdício. Isso é o que importa", diz o advogado André Graça, 30, membro há seis meses. Há três semanas, ele doou uma lavadora de alta pressão. Assim que postou a oferta, oito pessoas se manifestaram. O receptor foi um morador de Osasco, que André nem chegou a conhecer. "Agendamos a data, e ele veio buscar. Eu não estava. Foi a diarista que entregou." É o segundo objeto que o advogado doa. O primeiro foi um armário.

O designer Maurício de Sousa, 32, também participa pela segunda vez. Mas ele ainda não doou nada. Só recebeu. Assim que se cadastrou, há um mês, ele viu que alguém oferecia um hub (equipamento de informática). Respondeu rapidamente o e-mail, saiu de sua casa em São Bernardo do Campo e foi até Pinheiros buscar a peça. Na última semana, o site possibilitou que Maurício realizasse o antigo sonho de montar um curso de fotografia. Ele pediu equipamentos fotográficos antigos ou com defeitos, coisa que, com a era digital, muita gente deixou de usar. Duas pessoas responderam à solicitação, e o designer já conseguiu angariar quatro câmeras e um tripé.