quarta-feira, 19 de novembro de 2008

VAI "NEVAR" EM PINDA!

Vista do Vale do Paraíba a partir de São José dos Alpes, na Serra da Mantiqueira e avistando do outro lado a Serra do Mar. (foto Panoramio).

A notícia por si só já me chamou a atenção, já que dizia na chamada que cidade do interior de São Paulo vai ter pista de esqui na neve.

Quando fui ler, a surpresa: Pinda, minha terra natal era a tal cidade! E mais ainda, próximo ao pico do Itapeva, quinta elevação mais alta do país e local que frequentei muito na adolescência, quando acampava com amigos em São José dos Alpes, em um local que considerava meio mágico, pelo silêncio, pelo contato com a natureza, com a proximidade do céu em noites estreladas que jamais esquecerei e com direito a uma vista deslumbrante do Vale do Paraíba. E do alto da Serra da Mantiqueira avistava a Serra do Mar com as cidades do Vale acompanhando o traçado preguiçoso do rio Paraíba do Sul.

Agora fico pensando como pode haver naquele local um estacionamento para quatro mil vagas e 20 mil metros quadrados de "prédios", como diz a matéria abaixo.
Com o perdão do trocadilho, mas tomara não seja "uma fria" para a natureza.
Fica a torcida por um empreendimento que respeite verdadeiramente o meio ambiente, com todos os cuidados com a Mata Atlântica e com um lugar tão especial e inspirador.



Pista de esqui no exterior serve de inspiração para o empreendimento em Pindamonhangaba (Foto: Divulgação)

Interior de SP terá estação de esqui com neve artificial

Serão usadas 5 máquinas capazes de produzir toneladas de gelo por dia.
Previsão é que empreendimento comece a funcionar em maio de 2009.


Patrícia Araújo
Do G1, em São Paulo


Neve no Brasil já é algo improvável de se pensar. Mas idealizar no nosso clima tropical uma pista de esqui no gelo ao ar livre seria tema para piada se a empreitada não estivesse se tornando realidade no interior de São Paulo.

Com um investimento inicial de R$ 41 milhões, uma empresa brasileira pretende inaugurar até maio de 2009 em Pindamonhangaba, a 156 km da capital paulista, a primeira pista de esqui na neve permanente do país. O terreno de 3 milhões de metros quadrados, na proximidade do Pico de Itapeva, foi comprado em março deste ano.

Os planos são de erguer nesse espaço um estacionamento com 100 mil metros quadrados de área e capacidade para 4 mil vagas; 20 mil metros quadrados de prédios, entre restaurantes, lojas de conveniência e áreas de apoio (com ambulatórios, camarotes, lojas de aluguel de equipamentos); e 40 mil metros quadrados de neve divididos em três pistas para esquiadores nos níveis iniciante, intermediário e avançado.

Embora a maior parte das construções ainda não tenha começado devido à falta de parte da documentação referente à liberação ambiental, as pistas de esqui já começaram a ser feitas. As cinco máquinas que irão transformar água em neve e forrar a área já estão prontas. Elas usam a tecnologia existente fora do país, mas adaptada para as necessidades locais.

“É importante dizer que 100% da água utilizada é reaproveitada”, disse André Mayer Pflug, diretor a SkiClub, empresa responsável pelo empreendimento. Ele conta que o aparelho funciona reutilizando a neve que derrete. Ela é recapturada, passa por filtragem e tratamento e volta a ser transformada me neve. A perda estimada é de apenas 3% com evaporação. Cada uma das cinco máquinas produz 300 toneladas de neve por dia. Para encher todas as pistas, é necessária uma semana de produção do equipamento.

O local fica a sete minutos de Capivari e a 35 metros da divisa com Campos do Jordão. “A idéia (para a estação) surgiu por um estudo de mercado feito em Campos do Jordão. Os turistas que freqüentam a cidade só têm o que fazer à noite, mas durante o dia ficam ociosos”, fala Pflug.

Vagas de emprego

Mesmo sem a maior parte das obras terem começado, a empresa já deu início à seleção de pessoal para trabalhar na futura estação de esqui. A estimativa, segundo a prefeitura é de que cerca de mil pessoas sejam contratadas, em 40 diferentes cargos. Dos tradicionais serviços administrativos até os postos de operador de niveladora para neve e professor de esqui. Só para auxiliar de esquiadores são 200 vagas.

“Inicialmente estão previstos mil empregos diretos e cerca de 1.500 indiretos. E a perspectiva é de que as agências de turismo e os hotéis da região devam gerar mais mil empregos indiretos nessas atividades, que não pertencem ao empreendimento”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pindamonhangaba, Álvaro Staut.

Segundo o secretário, o cadastro para a seleção dos candidatos já está sendo feito no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT). A partir de janeiro, será feita a seleção para entrevista e, em seguida, o treinamento. A empresa irá contratar ainda jovens de acordo com o programa “Primeiro Emprego” e pessoas da terceira idade, que vão trabalhar na área de turismo receptivo dentro da estação.

domingo, 16 de novembro de 2008

PAC DA DESTRUIÇÃO


Pelo menos 680 hectares de Mata Atlântica em Ilhéus, Bahia, vão desaparecer por obra do PAC.



Obra do PAC tropeça na mata atlântica


EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo, em Ilhéus (BA)


O chamado desenvolvimento sustentável aceita tudo. Um emblema da fragilidade desse conceito está escancarado no sul da Bahia, onde a mata atlântica, em estado bruto ou em regeneração, ainda resiste. Com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), da iniciativa privada e de seus cofres, o governo da Bahia projeta a instalação de um complexo logístico de 1,7 mil hectares entre Ilhéus e Itacaré. A construção do porto, da ferrovia (de 1.500 km) e do novo aeroporto está orçada em R$ 6,5 bilhões.

A obra não sai sem que pelo menos 680 hectares de mata atlântica desapareçam. Para o governo baiano, a obra é inevitável "para desenvolver a região sul da Bahia, que já foi uma das mais importantes do Brasil na época do auge do cacau", afirma Antônio Celso Pereira, superintendente de Comércio e Serviços da Secretaria de Comércio, Indústria e Mineração da Bahia. "Isso não significa que o governador Jaques Wagner vai rasgar as leis ambientais".

Do outro lado da linha do desenvolvimento sustentável, ambientalistas e a Associação de Turismo de Ilhéus estão contra o projeto. Os primeiros, por causa da mata atlântica. A segunda instituição não quer um porto em seu horizonte porque onde existem navios de carga chegando e saindo não há espaço para resorts e campos de golfe -outra "benfeitoria" que não convive bem com a mata. Os hoteleiros entraram na Justiça com uma ação contra o Estado, ainda não julgada.

A âncora do megaempreendimento --o porto, quando totalmente pronto, será o segundo maior da região Norte-Nordeste--, é a empresa Bahia Mineração, que é brasileira, mas tem capital indiano e também do Cazaquistão, da gigante ENRC. Segundo Amaury Pekelman, gerente de Comunicação e Desenvolvimento Sustentável da empresa, o novo porto não terá um impacto significativo sobre as praias do norte de Ilhéus. Ele explica que quem passar pela estrada que liga Ilhéus a Itacaré, por exemplo, "nem vai ver nada".

A área de estocagem do minério, de 80 hectares aproximadamente, ficará longe da estrada e da praia. Uma esteira de sete metros de altura atravessará a região preservada, a estrada e toda a praia para chegar ao litoral. Os navios, um de cada vez, afirma Pekelman, vão ficar a 2,5 quilômetros da costa. O minério será transportado por toda a região em pó. A capacidade para embarque --as primeiras cargas, pelo cronograma, devem sair no segundo semestre de 2011-- é de 70 mil toneladas por dia.

Não no meu quintal

"Esse projeto é um contra-senso", afirma José Adolfo de Almeida, professor da UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), que na quarta-feira organizou um evento para discutir a obra. "Mesmo aqui na região existem outra áreas já degradadas que podem receber o porto", afirma Almeida, baseado em estudos feitos na própria instituição de ensino. Outros trabalhos da UESC mostram que a região diretamente afetada pelo projeto Porto Sul tem 40% de mata em estado avançado de regeneração.

Há mais de cinco anos, o empresário alemão Thilo Scheuermann, 48, decidiu investir em Ilhéus. Seu pequeno hotel, de 16 chalés, está parado. Segundo ele, um investimento de R$ 15 milhões está ameaçado. "Todos acreditamos no governo, que disse que o turismo seria prioritário na região." Outros cinco projetos turísticos, bem maiores do que o de Thilo, estariam engatilhados para o local.

* O repórter EDUARDO GERAQUE viajou a convite da ONG Instituto Floresta Viva

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

DEPUTADO ACUSADO DE CRIME EM RPPN

Deu na Folha de S. Paulo:

Temer é alvo de investigação no STF por crime ambiental

Deputado é suspeito de ter depredado área de reserva ecológica; ele nega acusações

Relatórios acusam ainda o congressista de recorrer a grileiros para aumentar suas posses; PF o convocará para prestar depoimento

De Alan Gripp:

Nome mais forte hoje para a sucessão da Presidência da Câmara, o deputado e presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), é alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga suposto crime ambiental e contém denúncias de que o parlamentar incorporou ao seu patrimônio terras fruto de grilagem.

Além disso, documentos da Agência Rural do Estado de Goiás acusam o deputado de tentar regularizar a propriedade com declarações falsas. As terras ficam em Alto Paraíso (GO), santuário ecológico.

Formalmente, o parlamentar é investigado no STF pela suspeita de ter depredado área de reserva ambiental ao construir uma estrada de acesso à sua propriedade, desmatando área protegida pelo Ibama. Mas há na investigação relatórios e testemunhos que o acusam de recorrer a grileiros e a servidores do governo de Goiás -mais tarde punidos- para obter títulos de propriedade e para tentar aumentar, sem sucesso, o tamanho de suas posses.

O deputado nega. Diz que as obras na estrada que corta a Reserva Particular de Proteção Natural (RPPN) Campo Grande são de responsabilidade da Prefeitura de Alto Paraíso. Alega ainda que o aumento da área adquirida por ele teve respaldo em medições técnicas legais.

Entre 2002 e 2003, Temer desistiu das terras. Depois da abertura de investigação pelo Ministério Público de Goiás, ele retirou a ação de usucapião, em que brigava para legalizar 2.500 hectares, e doou para a prefeitura a fazenda que já havia conseguido regularizar -esta com 452 hectares.

Apesar disso, o Ministério Público Federal entendeu que Temer pode ser responsabilizado caso sejam comprovadas as denúncias e enviou o caso ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Assinante da Folha leia mais em Temer é alvo de investigação no STF por crime ambiental

FONTE: Blog do Noblat