Que absurdo!
Mais triste que a história do casal que revestiu a casa onde moram com conchas do mar - externa e internamente, além de uma gruta, teto, churrasqueira, armário e fogão - é um jornal do porte do Diário Catarinense - do maior e mais poderoso grupo de comunicação que abrange os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul através de emissoras de TV e Rádio, jornais e portal de internet - noticiar esse crime ambiental como algo interessante, para se "apreciar" e que já rende "negócios" para o desavisado e irresponsável casal.
Podemos imaginar que a atitude do casal seja relacionado ao fato de ignorarem o estrago ambiental, mas um jornalismo responsável, ético e competente jamais poderia noticiar algo assim sem comentar o viés ecológico e muito menos a questão legal, já que essa aberração configura-se crime previsto no Código Ambiental.
Não é a primeira vez que a RBS dá uma escorregada dessa. Em agosto de 2007 a RBS TV (retransmissora da Rede Globo) mostrou uma reportagem no Jornal do Almoço dizendo que animais silvestres que correm perigo de extinção como as Lontras e Iraras poderiam ser "animais de estimação"... VEJA MAIS AQUI!
Agora repetem a dose. Confiram abaixo a matéria publicada com destaque na última página do Diário Catarinense do último sábado, dia 31 de janeiro de 2009:
O casal Pedro Heleodoro de Augusto, 56 anos, e Marileia de Augusto, 53 anos
A casa das conchas
Já imaginou viver dentro de uma concha? A ideia, que, inicialmente, pode parecer absurda, não está tão longe de se tornar real para o casal Pedro Heleodoro de Augusto, 56 anos, e Marileia de Augusto, 53 anos.
Na residência onde vivem, na Praia do Campeche, no Sul da Ilha, paredes e móveis, dentro e fora da casa, estão ganhando formas arredondadas e tons brancos das conchinhas do mar.
A gruta religiosa foi o primeiro local a ganhar o adorno na casa dos Augusto. Nem mesmo o teto, a churrasqueira, o armário da cozinha e o fogão escaparam do trabalho de colagem. Tudo está sendo revestido pelos invólucros de calcário, que, além de enfeitar, proporcionam um ambiente fresquinho.
Mas o trabalho está longe de terminar. Devido a problemas de saúde que atingiram a coluna, Pedro fez uma pausa na decoração marítima que, durante dois anos, foi cuidadosamente realizada por ele e a mulher.
A ideia, explica o casal, surgiu da falta de dinheiro para investimentos na casa. As conchas foram todas retiradas das praias do Campeche e Morro das Pedras, também no Sul da Ilha. De bicicleta, Pedro se deslocava para os balneários, onde enchia sacos de 50 quilos durante duas horas de exercícios, abaixando e levantando para recolher os presentes do mar.
Nas paredes internas da casa e na fachada estão espalhados desenhos de mandalas feitos de diferentes tipos de conchas. Detalhes que começaram a ser trabalhados há cinco anos. Pedro não sabe dizer quantas conchas foram utilizadas, mas promete revelá-las assim que terminar sua obra de arte.
O casal informa que muitos curiosos passam na frente da casa e batem à sua porta para apreciar o trabalho mais de perto ou até para fazer encomendas. Somente a churrasqueira tem três pedidos de encomendas.
Todos são bem recebidos pelos proprietários da casa de conchas que, brincando, disseram já ter pensado em cobrar ingressos das visitas.
Todas as perguntas dos apreciadores são respondidas, com exceção de uma. O casal não conta o segredo da mistura com a cola responsável por fixar as conchas nas paredes e móveis. Isso porque faz questão de ter uma casa exclusiva, sem cópias.
Fonte: DC/NANDA GOBBI - nanda.gobbi@diario.com.br
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