segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Delírio pantaneiro


Vivemos em uma democracia – e seu significado vem do grego demo = povo e cracia = governo, ou seja, governo do povo. Dentro de uma democracia, as pessoas possuem liberdade de expressão e manifestações de suas opiniões.

No entanto, cada cidadão deve arcar com suas próprias opiniões: “A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não é absoluto, e não pode ser usado para justificar a violência, a difamação, a calúnia, a subversão ou a obscenidade. O desafio para uma democracia é o equilíbrio: defender a liberdade de expressão e de reunião e ao mesmo tempo impedir o discurso que incita à violência, à intimidação ou à subversão”.

E no dia 24 de setembro último o “Correio do Estado”, considerado o principal jornal impresso no estado de Mato Grosso do Sul, publicou um artigo chamado “Reservas Naturais ameaçam cultura e homem pantaneiro”.
Não foi possível identificar quem escreveu o artigo, mas sem dúvida nenhuma é calcado em um sentimento mesquinho, retrógrado e baseado na mentira.

Senão vejamos: O primeiro parágrafo cita uma poesia onde diz que “o homem do pantanal é a continuação de suas águas”. Até aí tudo bem, até afirmar que a “RPPN está expulsando o pantaneiro e o boi” (sic) e que se trata de “um velho modelo de conservação”...

Para começar a RPPN é uma iniciativa do proprietário da terra em transformá-la em Unidade de Conservação. Como pode a atitude democrática e um direito previsto em Lei “expulsar o homem pantaneiro e o boi”? Quer dizer que qualquer cidadão que adquirir um pedaço de terra na região pantaneira vai ter que obrigatoriamente criar gado?
E que “velho modelo de conservação” é esse? As RPPN foram criadas em 1990, em uma Legislação Ambiental das mais modernas do mundo. Qual o novo modelo de conservação?

Qual é o “discutível conceito” que “não se aplica ao Pantanal”? Dizer que isso é opinião de “ambientalistas, estudiosos e fazendeiros” e que ”essa certeza não exige diagnósticos mais aprofundados ou teses de doutorado” já demonstra com todas as letras a má intenção e desinformação prestada pelo péssimo e mentiroso artigo.

Quais são os “ambientalistas e estudiosos” que afirmaram as citações acima? Fazendeiros nem é preciso dizer. Desculpem o trocadilho, mas que se dê nome aos “bois”...


Chamar RPPN de “modelo excludente”? Fala sério! Excludente é quem mata onça-pintada, um animal topo da cadeia alimentar e que é covardemente caçada com dezenas de cachorros e homens montados em cavalos com armas e crueldade. Excludente é querer promover queimadas destruindo toda a biodiversidade para “renovar o pasto” para sua boiada.

E se “o boi chegou há mais de duzentos anos”, a fauna local está há milhares de anos! E sim, o “pisoteio do gado altera as características naturais dos ecossistemas" e de forma drástica!

Quer dizer então que “é comum as pessoas apostarem para saber quem acerta em quanto tempo pegará fogo nas reservas”? Ameaçar quem preserva com fogo? Uma coisa é o fogo natural, incêndios espontâneos que podem ocorrer em grandes secas. Mas do jeito que foi colocado a afirmação, mais parece uma ameaça.

Outra:

E uma cidadã chamada "Oriana Paes de Barros" e que se intitula “Pantaneira”, solta o verbo e escreve um texto chamado “Alma lavada”. E dá-lhe pérolas:
Chama o ambientalista citado na matéria de “arrogante” e “presunçoso”. Por qual razão? Por ter falado sua opinião? E as outras pessoas que destilaram venenos? Quer dizer que alguém que discorda dos pensamentos da “Dona Oriana” são arrogantes? Quem foi verdadeiramente soberbo?
Diz que “com toda falta de respeito que merece, essa gente” e ainda tenta ameaçar: “Nós pagamos, mas vocês receberão o troco”.

Francamente! O Pantanal merece mais qualidade e educação no seu trato.

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi Fernando e Chris, quem escreveu o artigo que 'rebate' aquele triste artigo que critica as RPPNs no MS? EU achei ele mto interessante e acho que deveria ser enviado também para o jornal Correio do Estado... O que vcs acham? Bjo.

Anônimo disse...

Opa, o comentário acima é meu, Erika Guimarães.

Fernando José Pimentel Teixeira e Christiane de Souza Pimentel Teixeira disse...

Querida Érika, é produção nossa mesmo. Já deixei comentário na matéria e podemos sim mandar a postagem ao jornal. Um beijo!

Anônimo disse...

Gente como essa que vejo escrevendo sobre o pantanal e sobre a minha pessoa sem me conhecer, sequer chego a considerar, por tal desrespeito a mim e aos pantaneiros. E querem saber? Aposto que vcs são daqueles "ecologistas" de carteirinha, fazendo discursos demagógicos...Vejo muito isso. Acho que deveriam conhecer o pantanal, como conheço, para falar sobre ele. Só o palavreado já demonstra quem são vcs. Um pouco de classe e conhecimento não faria mal. O Brasil precisa disso e o pantanal também. Não vou "debulhar" aqui o meu curriculum, porque não preciso disso. Sou respeitada no meu Estado e fora dele, a não ser, pelos desinformados e demagogos.Oriana, Pantaneira sim senhor.

Fernando José Pimentel Teixeira e Christiane de Souza Pimentel Teixeira disse...

Em 1° lugar dona Oriana, vivemos numa democracia e isso nos permite exprimir nossa opinião, seja a favor ou contra qualquer coisa, com todo o respeito pela cultura, pelo modo de pensar sem agredir fronteiras. A intolerância é causadora das guerras que vemos pelo mundo. Entretanto, quem certamente não nos conhece, bem como os ambientalistas, é a senhora, que desrespeita nossa classe, as Unidades de Conservação protegidas por Lei (RPPN) e quando quer discutir sobre o assunto, antecipa preconceito sobre qualquer coisa que não seja da sua convicção.
A Lei é clara quanto aos nossos direitos e deveres com o meio ambiente, não levantamos bandeiras fora disso. O Pantanal é do Brasil, a Amazônia é do Brasil, a Mata Atlântica é do Brasil e nós como cidadãos brasileiros temos o direito e o dever de cuidar. É nosso! Vamos preservar!