sábado, 24 de novembro de 2007

Alimentos orgânicos

Produção orgânica garante empregos de agricultores como Sebastião João Mannes, de Antônio Carlos Foto(s): Diego Redel

Campo e Lavoura
Bom, bonito e rentável
ARIADNE NIERO

Santa Catarina está se tornando referência em alimentos orgânicos, frutas verduras e hortaliças cultivados sem a utilização de agrotóxicos. Com mais de 120 feiras agroecológicas, o Estado já é o terceiro maior produtor nacional, o que representa um volume anual de 60 mil toneladas e um valor bruto da produção de R$ 45 milhões.

Atualmente, mais de 2 mil famílias rurais catarinenses contam com a certificação do Ecocert, rede a serviço do produtor orgânico, por produzirem alimentos sem insumos químicos.

Segundo o coordenador do projeto de agroecologia da Epagri, Paulo Tagliari, número insuficiente para atender a grande demanda, embora represente um volume anual de 60 mil toneladas.

- Ainda falta incentivo de políticas públicas - diz.

De acordo com estimativas da própria Epagri, o crescimento da produção agroecológica está por volta de 15% a 20 % ao ano no Estado. Há dez anos, não havia mais do que cinco ou seis associações de produtores agroecológicos em Santa Catarina. Hoje passam de 60 e o número continua crescendo.

Toda a produção é comercializada, principalmente, em feiras livres. Na Capital são cinco: Bairros Itacorubi, Lagoa da Conceição, Campeche, Agronômica e Pantano do Sul. Os destaques de produção são as hortaliças pela facilidade de consumo, conforme Tagliari, e trazem grande retorno para o produtor. Em geral, a produção orgânica reduz os custos de produção, utiliza mais os recursos existentes na propriedade e torna o produtor menos dependente de insumos externos.

Pioneirismo na inclusão do produto na merenda escolar

Segundo levantamentos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os alimentos orgânicos contêm 30% a mais de substâncias nutritivas comparados aos produzidos de maneira convencional, ou seja, com agroquímicos.

O RS é o maior produtor, seguido do Paraná. SC, porém, é pioneira na implementação da alimentação orgânica nas escolas.

- Precisamos levar aos jovens as vantagens do consumo de produtos orgânicos, que além de mais saborosos, são ricos em vitaminas e sais minerais - diz Tagliari.

O Estado é pioneiro na produção de cerveja orgânica, em Blumenau. O vinho também tem a sua produção no Alto Vale do Itajaí e São José do Cerrito, na Serra.


Rosa Sell levou seus produtos orgânicos e integrais para o coffee break de eventos e hoje fatura até R$ 3 mil por mês

Coffee break vira um novo mercado
Paulo Lopes

Os produtos naturais e sem agrotóxicos caíram nas graças dos eventos de negócio e a moda agora é oferecer o coffee break com materiais orgânicos. Que o diga a agricultora, Rosa Sell, 44 anos, que chega a faturar até R$ 3 mil por semana com a novidade.

Moradora de Paulo Lopes, Rosa pratica a agricultura orgânica familiar há 12 anos e destaca que o sucesso do produto, nas feirinhas livres, levou a entrar para o ramo de eventos.

- Foi uma agregação de valor que aconteceu naturalmente. As pessoas me procuraram e passei a oferecer coffee break com produtos integrais e orgânicos - conta ela, que produz desde as hortaliças e frutas a pães, sucos, biscoitos, geléias e pastas de iogurte.

Toda a produção sai do sítio "multifuncional" da família, com uma área equivalente a três campos de futebol. São mais de 100 produtos, sendo 40 de agroindústria. Tudo que a família produz é vendido.

Para dar conta do trabalho, Rosa, o marido e os quatro filhos trabalham das 6h às 23h. Sem contar com o faturamento com coffee break, a família tem uma renda mensal de R$ 3 mil, somente com as feiras.

Todos os sábados, Rosa está na Lagoa da Conceição, das 7h às 12h. Tanta dedicação rendeu para a agricultora, em 2003, o prêmio internacional da criatividade da mulher no meio rural.

Suco de babosa tem uso medicinal

O engenheiro agrônomo de Paulo Lopes, Dionízio Bach, não pensou duas vezes em largar o setor público para se aventurar no agronegócio. Há quase oito anos, o suco de babosa para fins medicinais, garante a renda da família. Por mês, ele chega a faturar R$ 5 mil e gera cinco empregos diretos.

Alimento funcional para desintoxicação do organismo e anti-inflamatório, o suco, agora também é vendido em cápsulas.

Embora não entregue a "receita", Bach destaca que o produto é feito à base da polpa da babosa. A restrição de consumo é para crianças de até três anos, gestantes e lactantes.


Cerca de duas mil famílias sobrevivem atualmente da atividade no Estado de SC


Antônio Carlos vai lançar certificação
Antônio Carlos

A luz amarela acendeu para o manejo convencional (uso de pesticidas na agricultura) no maior produtor de hortaliças de SC. Até o ano que vem, Antônio Carlos, na Grande Florianópolis, pretende lançar uma certificação de origem da produção de hortifrutigranjeiros.

Inicialmente, quem irá receber o selo de origem, de acordo com o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Augusto Silho, serão os produtores que deixarem de usar produtos agrotóxicos em suas lavouras.

A campanha para a utilização de produtos agroecológicos ganhou impulso na cidade que tem 80% da economia voltada para as hortaliças, no mês passado, com um seminário de capacitação para os agricultores. Eles tiveram contato com técnicos que ensinaram desde o manejo da terra à comercialização.

Todo o empenho é para aumentar o número de produtores orgânicos já que a cidade, maior fornecedora de hortaliças para a Grande Florianópolis, tem uma população estimada de seis mil habitantes e apenas 20 famílias comercializam seus produtos sem agrotóxicos.

Para Silho, a expectativa é de encaminhar todos os produtores de Antônio Carlos para a agroecologia.

- Como o selo, vamos incentivar uma nova produção. Mas para a certificação nacional de produtos orgânicos, o produto precisa de, no mínimo, dois anos sem o uso de agrotóxicos para eliminar os resíduos do solo - explica o secretário.


Por que consumir alimentos orgânicos?

- Os alimentos orgânicos possuem uma quantidade maior de nutrientes, que impactam no sabor e na sua saúde.
- Alimentos orgânicos apresentam, em média, 63% mais cálcio, 73% mais ferro, 118% mais magnésio, 178% mais molibdênio, 91% mais fósforo, 125% mais potássio, 60% mais zinco que os alimentos convencionais. Possuem menor quantidade de mercúrio (29%), substância que pode causar doenças graves.
- Alimentos orgânicos não agridem o meio ambiente.
- Os sistemas orgânicos de produção utilizam técnicas que previnem a devastação de florestas e o ataque à biodiversidade. Com isso, os ecossistemas são preservados.
- Alimentos orgânicos conservam a água.
- Por não utilizarem agrotóxicos e fertilizantes baseados em nitrogênio, os produtores orgânicos não contaminam os rios e lençóis freáticos, mantendo a qualidade da água que consumimos.
- Alimentos orgânicos são certificados.

Fonte: http://www.sitemedico.com.br/


Família unida na horta

Na localidade de Guiomar de Fora, em Antônio Carlos, cinco famílias apostam na produção agroecológica como geração de renda sustentável. A mudança ocorreu, há quase 10 anos, quando a família Petry foi convidada por uma rede de supermercados catarinense a incluir a produção orgânica na lavoura.

Batizada de Chácara Beija-Flor, a renda mensal da empresa familiar chega a R$ 100 mil. São mais de 40 especialidades de hortaliças e folhosos que chegam ao consumidor livres de agrotóxicos e higienizados com produto à base de sementes de limão e laranja. O mix orgânico representa 40% da produção.

Um dos sócios, Jucélio João Petry, 44 anos, conta que a família sempre atuou na agricultura. Mas chegou a desistir do negócio.

- Naquele época (década de 1980) não tínhamos para quem vender e abandonamos o trabalho. Fomos trabalhar fora - lembra.

Com os irmãos, Petry ajudou a construir um supermercado no Centro da Capital. De agricultor passou a eletricista. Um dos irmãos era pedreiro e outro chefe de obras.

- Com a inauguração da loja, a direção nos incentivou a voltar para agricultura e a trabalhar com orgânico - diz.

Trabalho da forma agroecológica é pesado

Os irmãos começaram a produção com um hectare de terra. Para ampliar o negócio, outro tanto foi arrendado. Com a certificação do produto, em 1998, a produção agroecológica não parou mais.

Hoje, com uma área de plantio de oito hectares, o equivalente a quase 10 campos de futebol, a empresa tem como carro-chefe o plantio da alface americana orgânica. O produto corresponde a 11% da produção total da chácara.

Petry destaca que o ciclo do plantio é semelhante ao convencional e o que pesa é a mão-de-obra. No quesito preço, o produto orgânico é vendido cerca de R$ 0,10 mais caro na chácara.

Ele cita como exemplo, uma plantação de cenouras. Um dia trabalhado da forma convencional equivale a cinco dias pela forma orgânica.


Petry mobiliza toda a família no cultivo

Morango como investimento

Outra empresa que ganha destaque na produção orgânica de Antônio Carlos é a Horta e Saúde, no Bairro Rachadel. Ali todo o cultivo é 100% livre de agrotóxicos.

Em julho passado, a família de Zenilde Simones resolveu investir no plantio de morangos agroecológicos. Deu tão certo, que a primeira colheita, iniciada na semana passada, rendeu 700 bandejas. Cada uma é comercializada a R$ 3.

A fruta, diferente da forma convencional, é mais adocicada. Embora não fale em valores, Zenilde destaca que o investimento para a preparação da terra foi grande. O trabalho também é dobrado.

A família trabalha há 10 anos com produtos agroecológicos e hoje garante empregos de agricultores como Sebastião João Mannes.Para continuar com a produção, em janeiro vão passar a plantação para Rancho Queimado, cidade localizada a 60 quilômetros de Florianópolis.

- O clima de lá é melhor que em Antônio Carlos - comenta Zenilde.

Fonte: DC

Um comentário:

Unknown disse...

Bom Dia,
Vocês tem o contato da Sra. Rosa Sell? Estou montando um evento sobre lideranças para a Sustentabilidade e gostaria de contratá-la para os nossos coffee break.
Se vocês souberem de outras possibilidades agradeceria.
Meu e-mail é: daianeborba@hotmail.com