quinta-feira, 22 de julho de 2010

CÓDIGO DA EXTINÇÃO

Novo Código Florestal pode levar 100 mil espécies à extinção, dizem cientistas

Comunidade científica foi 'amplamente ignorada', diz carta.
Texto ressalta possível aumento de emissão de gás carbônico.

Do Globo Amazônia, em São Paulo

As propostas de mudanças no Código Florestal brasileiro, aprovadas por comissão especial na Câmara dos Deputados no início de julho, poderão levar mais de 100 mil espécies de animais à extinção, além de aumentar "substancialmente" as emissões de gás carbônico na atmosfera. As afirmações fazem parte de uma carta escrita por pesquisadores brasileiros e publicada na sexta-feira (16) na revista científica Science.

Segundo o texto, as mudanças no Código Florestal preocupam a comunidade científica no Brasil, que foi "largamente ignorada" durante a elaboração das propostas. A carta apresenta a possível alteração da legislação ambiental do país como o "pior retrocesso" sobre o meio ambiente em 50 anos.

A carta ressalta que as novas regras na legislação diminuem a restauração obrigatória de vegetação ilegalmente desmatada desde 1965. "As novas regras vão beneficiar setores que dependem da expansão de fronteiras de florestas e savanas", diz o texto.

A afirmação de que mais de 100 mil espécies podem sumir com a alteração do Código Florestal partiu de "análises simples", segundo o texto. O texto também lembra que o possível aumento na emissão de gás carbônico vai na contramão do que o Brasil acordou no Encontro do Clima das Nações Unidas realizado em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro passado.

Tratores preparam terra antes ocupada por floresta para plantio de soja no norte de Mato Grosso. (Foto: Rodrigo Baleia/Greenpeace)

A carta publicada na Science é assinada por pesquisadores ligados ao Programa Biota da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Assinam o texto Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Thomas Lewinsohn, do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luciano Verdade e Luiz Antonio Martinelli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP, Ricardo Ribeiro Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP e Carlos Alfredo Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp.


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