Proprietário de RPPN luta para que prevaleça o bom senso em Alagoas.
Limpel quer implantar central de tratamento de lixo em reserva florestal
Durante reunião do CEPRAM empresário chamou de "promíscuas" as relações entre poder público, órgãos ambientais e empresários da área de resíduos sólidos
Da Redação EXTRA ALAGOAS
Dono de uma RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural - que é a única existente no município do Pilar e uma das mais antigas do Estado de Alagoas, o empresário Francisco José Quintella Cavalcanti chegou quase às lágrimas, na última terça-feira, ao fazer um apelo emocionado ao colegiado do Conselho Estadual de Proteção Ambiental -CEPRAM - para mudar a localização pretendida para implantação da Central de Tratamento de Resíduos (CTR) que a Limpel, de Alagoas, aliada a investidores de outros estados, pretende implantar no Tabuleiro do Pilar para tratamento de efluentes industriais, lixo tóxico e hospitalar e incine-ração de resíduos perigosos.
Quintella, que mantém centenas de hectares de florestas preservadas há mais de 30 anos e presta relevantes serviços ambientais sem receber um centavo sequer do dinheiro público para suas ações, fez questão de esclarecer que qualquer projeto de tratamento de lixo é bem vindo a Alagoas, mas não na vizinhança de uma RPPN e nas bordas de um tabuleiro com dezenas de nascentes e áreas de proteção permanente que servem de refúgio para os últimos corredores de mata atlântica da região e garantem a qualidade da água dos principais mananciais hídricos daquela área.
Área vizinha à reserva ambiental do Pilar ameaçada pela centra de tratamento de lixo da Limpel
Em seguida denunciou a falta de transparência do processo que levou a Câmara de Vereadores do Pilar a mudar, "da noite para o dia" o Código do Meio Ambiente do município, que vedava expressamente, em seu artigo 137, o "depósito e a destinação final de resíduos de todas as classes produzidos fora de seu território". A mudança teve por objetivo a aprovação de uma lei feita sob medida para viabilizar uma Área de Especial Inte-resse Sanitário e Ambiental capaz de abrigar a Central de Tratamento do Lixo exatamente no terreno vizinho à reserva florestal, por razões estritas de aumento do lucro dos empreendedores, uma vez que o citado terreno, por razões judiciais, teria sido vendido, numa operação imobiliária triangular, por uma verdadeira bagatela.
Além de criticar a Câmara de Vereadores do Pilar por "ter lavado as mãos" diante de apelo que fez para mudar o local de implantação da Central de Tratamento, Quintella chamou de "promíscuas" as relações entre o poder público, os órgãos ambientais e os empresários ao revelar que um agente do Instituto do Meio Ambiente, cujo nome não chegou a declinar, teria feito gestões junto ao presidente da Câmara de Vereadores do Pilar para mudar o Código de Meio Ambiente do município e aprovar a Área de Interesse Sanitário no terreno vizinho à reserva florestal.
Quintella fez questão de acrescentar que a RPPN Fazenda São Pedro não se presta apenas ao papel de ativo paisagístico e repositório de biodiversidade. Segundo ele, todos os anos um número incontável de professores e escolares, além de visitantes, praticam o turismo ecológico na reserva que já estaria incluída nos planos dos órgãos do turismo para integrar o chamado "Roteiro Histórico da Cana de Açúcar," configurando uma série de atividades que, naquela localização específica, seriam incompatíveis com a Central de Tratamento de Lixo Industrial e Hospitalar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário