sábado, 31 de maio de 2008

Caraguatatuba pode virar ilha

Vista panorâmica da cidade de Caraguatatuba, litoral de São Paulo.

Meus primeiros e inesquecíveis contatos com o mar e toda a magia do litoral foi em Caraguatatuba, Ubatuba e Bertioga.
Agora há a posibilidade real dessas áreas que conheci se transformarem de maneira radical por consequência do aquecimento global e da irresponsabilidade humana.
A informação foi divulgada no VIVA A MATA 2008, evento realizado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, onde a RPPN Rio das Lontras participa no estande temático das RPPNs.

Com avanço do mar, Caraguá será ilha em 2100, diz estudo

MARIANA BARROS
da Folha de S.Paulo

O município de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, pode se resumir a uma ilha em 2100. O prognóstico foi apresentado durante o Viva a Mata, evento da ONG SOS Mata Atlântica que começou ontem e vai até domingo, no parque Ibirapuera (zona sul).

Pesquisadores simularam em mapas possíveis elevações do nível dos oceanos nos próximos séculos, provocadas por mudanças climáticas como o aquecimento global.

"Previsões mais conservadoras indicam uma elevação do nível do oceano de 66 cm em 2100; outras, mais apocalípticas, prevêem um aumento de até seis metros", afirma Eduardo Reis Rosa, da empresa de geoprocessamento ArcPlan, um dos autores do estudo.

Se a simulação de seis metros parece alarmista demais, é preciso considerar que a de 66 cm é a mínima elevação prevista.

Planícies

A simulação foi feita nos municípios de Caraguatatuba, em São Paulo, e Niterói, no Rio de Janeiro, por serem áreas de planície litorânea. Também está em andamento um estudo semelhante sobre Iguape.

Em Caraguatatuba, cerca de 60% da área de praia ficará submersa se o oceano subir apenas 66 cm. Caso a elevação chegue a seis metros, mais de 16 quilômetros quadrados de área urbana e 0,2 quilômetros quadrados de mata atlântica serão inundados --apenas a parte central da cidade ficará acima do nível da água. O estudo abrange 320 km2 dos 484 quilômetros quadrados do município.

Já Niterói ganhará cara de Veneza se o mar avançar por ruas e avenidas; 0,6 km2 de vias será engolido pela água se o mar subir seis metros, assim como 0,04 quilômetros quadrados de árvores da mata atlântica. Com um avanço de 66 cm, 0,05 km2 de praia ficará debaixo d'água. A área de abrangência do estudo é de 13,6 quilômetros quadrados dos 129 quilômetros quadrados do município.

Segundo os pesquisadores, que usaram imagens feitas a partir de 1973 para compreender a dinâmica dessas cidades, é preciso considerar esses cenários nas ações de planejamento municipal e zoneamento ambiental dessas regiões.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A carta da Marina Silva



"Caro Presidente Lula,

Venho, por meio desta, comunicar minha decisão em caráter pessoal e
irrevogável, de deixar a honrosa função de Ministra de Estado do Meio
Ambiente, a mim confiada por V. Excia desde janeiro de 2003. Esta
difícil decisão, Sr, Presidente, decorre das dificuldades que tenho
enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental
federal.
Quero agradecer a oportunidade de ter feito parte de sua equipe. Nesse
período de quase cinco anos e meio esforcei-me para concretizar sua
recomendação inicial de fazer da política ambiental uma política de
governo, quebrando o tradicional isolamento da área.

Agradeço também o apoio decisivo, por meio de atitudes corajosas e
emblemáticas, a exemplo de quando, em 2003, V. Excia chamou a si a
responsabilidade sobre as ações de combate ao desmatamento na
Amazônia, ao criar grupo de trabalho composto por 13 ministérios e
coordenado pela Casa Civil. Esse espaço de transversalidade de
governo, vital para a existência de uma verdadeira política ambiental,
deu início à série de ações que apontou o rumo da mudança que o País
exigia de nós, ou seja, fazer da conservação ambiental o eixo de uma
agenda de desenvolvimento cuja implementação é hoje o maior desafio
global.

Fizemos muito: a criação de quase 24 milhões de hectares de novas
áreas de conservação federais, a definição de áreas prioritárias para
conservação da biodiversidade em todos os nossos biomas, a aprovação
do Plano Nacional de Recursos Hídricos, do novo Programa Nacional de
Florestas, do Plano Nacional de Combate à Desertificação e temos em
curso o Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

Reestruturamos o Ministério do Meio Ambiente, com a criação da
Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, da
Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal
Brasileiro; com melhoria salarial e realização de concursos públicos
que deram estabilidade e qualidade à equipe; com a completa
reestruturação das equipes de licenciamento e o aperfeiçoamento
técnico e gerencial do processo. Abrimos debate amplo sobre as
políticas socioambientais, por meio da revitalização e criação de
espaços de controle social e das conferências nacionais de Meio
Ambiente, efetivando a participação social na elaboração e
implementação dos programas que executamos.

Em negociações junto ao Congresso Nacional ou em decretos,
estabelecemos ou encaminhamos marcos regulatórios importantes, a
exemplo da Lei de Gestão de Florestas Públicas, da criação da área sob
limitação administrativa provisória, da regulamentação do art. 23 da
Constituição, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, da Política
Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. Contribuímos
decisivamente para a aprovação da Lei da Mata Atlântica.

Em dezembro último, com a edição do Decreto que cria instrumentos
poderosos para o combate ao desmatamento ilegal e com a Resolução do
Conselho Monetário Nacional, que vincula o crédito agropecuário à
comprovação da regularidade ambiental e fundiária, alcançamos um
patamar histórico na luta para garantir à Amazônia exploração
equilibrada e sustentável. É esse nosso maior desafio. O que se fizer
da Amazônia será, ouso dizer, o padrão de convivência futura da
humanidade com os recursos naturais, a diversidade cultural e o desejo
de crescimento. Sua importância extrapola os cuidados merecidos pela
região em si, e revela potencial de gerar alternativas de reposta
inovadora ao desafio de integrar as dimensões social, econômica e
ambiental do desenvolvimento.

Hoje, as medidas adotadas tornam claro e irreversível o caminho de
fazer da política socioambiental e da economia uma única agenda, capaz
de posicionar o Brasil de maneira consistente para operar as mudanças
profundas que, cada vez mais, apontam o desenvolvimento sustentável
como a opção inexorável de todas as nações.

Durante essa trajetória, V. Excia é testemunha das crescentes
resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes
do governo e da sociedade. Ao mesmo tempo, de outros setores tivemos
parceria e solidariedade. Em muitos momentos, só conseguimos avançar
devido ao seu acolhimento direto e pessoal. No entanto, as difíceis
tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária
a reconstrução da sustentação política para a agenda ambiental.

Tenho o sentimento de estar fechando um ciclo cujos resultados foram
significativos, apesar das dificuldades. Entendo que a melhor maneira
de continuar contribuindo com a sociedade brasileira e o governo é
buscando, no Congresso Nacional, o apoio político fundamental para a
consolidação de tudo o que conseguimos construir e para a continuidade
da implementação da política ambiental.

Nosso trabalho à frente do MMA incorporou conquistas de gestões
anteriores e procurou dar continuidade àquelas políticas que apontavam
para a opção do desenvolvimento sustentável. Certamente, os próximos
dirigentes farão o mesmo com a contribuição deixada por esta gestão.
Deixo seu governo com a consciência tranqüila e certa de, nesses anos
de profícuo relacionamento, termos feito algo de relevante para o
Brasil.

Que Deus continue abençoando e guardando nossos caminhos.

Marina Silva"

sábado, 17 de maio de 2008

Miriam Leitão entrevista Eike Batista

Alguns o consideram atualmente o maior inimigo do meio ambiente no Brasil.

Na verdade ele é apenas uma caricatura do que há de pior e de mais retrógado em meio aos empresários e a turma autodenominada desenvolvimentista.

O pior inimigo da natureza não pode ser personificado em um elemento tão medíocre e digno de pena como o empresário Eike Batista.

Não podemos condenar a política por indivíduos como Blairo Maggi.

O grande problema é o sistema capitalista vigente e sua ideologia cruel e suicida, de consumo desenfreado, alienação humana e esgotamento dos recursos naturais.

Para assistir a entrevista abaixo, feita com muita categoria pela jornalista Miriam Leitão, recomendamos tomar um anti-ácido antecipadamente.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Rir para não chorar...


Xico Graziano: São Paulo será a 1ª em RPPNs


O Secretário de Meio Ambiente de São Paulo lançou o saudável desafio para ser o estado recordista em área de RPPN:

“Ainda não nos conformamos com esta colocação, vamos ser agressivos na agenda ambiental das RPPN’s para assumirmos a liderança!”, afirmou o secretário Xico Graziano.

Como paulista me sinto orgulhoso pelo meu estado estar buscando cada vez mais ferramentas para a conservação da biodiversidade. E quem conhece a capacidade do estado sabe que é perfeitamente possível que logo São Paulo chegue na liderança desse importante ranking.

A frase foi dita no lançamento das primeiras quatro RPPN’s criadas no âmbito estadual, num total de mais de 814 hectares protegidos por Lei em caráter perpétuo. Além delas, outras quatro estão em processo de reconhecimento, somando mais 579 hectares e ainda mais 10 proprietários de terras com mata nativa preservada já protocolaram seus pedidos de criação.

Com isso o estado de São Paulo irá dobrar o tamanho de suas Reservas Particulares assumindo o quinto lugar no ranking nacional das RPPN’s.
Quem encabeça atualmente a lista são os estados do Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia.


Segundo Graziano, grande parte das áreas conservadas do Estado encontram-se em propriedades privadas, por isso, “nós precisamos dos produtores rurais engajados nesse processo de conservação dos nossos biomas mata atlântica e cerrado”.

Que não se duvide que São Paulo logo seja a recordista em RPPN’s e um exemplo a ser seguido pelos outros estados que ainda não possuem Leis regulamentadas como o ICMS-Ecológico, o Sistema Estadual de Unidades de Conservação e a RPPN estadual.

Quem sabe quando Santa Catarina tiver um Governador comprometido com a causa ambiental possamos comemorar por aqui?

As RPPN criadas em São Paulo, com a presença do Governador José Serra:

RPPN Paraíso
Proprietária: Márcia Regina Fonseca
Responsável: Marcos Abrantes Fonseca
Área: 3,54 ha
Município: Mairiporã
Bioma: Mata Atlântica

RPPN Toca da Paca
Proprietária: Daniela de Souza Azevedo
Área: 186,34 ha
Município: Guatapará
Bioma: Mata Atlântica interface com cerrado

RPPN Olavo Egydio Setúbal
Proprietária: Duraflora S.A.
Área: 615,50 ha
Município: Lençóis Paulista e Borebi
Bioma: Mata Atlântica

RPPN Mahayana
Proprietário Heródoto Barbeiro
Área: 9,34 ha
Município: Mogi das Cruzes
Bioma: Mata Atlântica

TOTAL : 814,72 ha

O Jornalista Heródoto Barbeiro recebe a documentação da criação da RPPN Mahayana.

Programação Viva a Mata 2008

Clique na programação para melhor visualização.


"Derrubaram" a Marina Silva


A ex-Ministra Marina Silva pediu demissão.Mas na prática ela foi derrubada.
Cortada como uma árvore amazônica pelo grupo "desenvolvimentista" ligado ao Governo:
O Moto serra de ouro Blairo Maggi, governador do Mato Grosso, considerado o maior plantador de soja do mundo, título que disputa com seu primo Eraí Maggi e destruídores da natureza;
Parlamentares da ala ruralista liderados por Ronaldo Caiado;
Dilma Rousseff e todos os defensores do PAC;
E finalmente, pelo responsável mor pela guinada para uma política destrutiva do meio ambiente: O Presidente Lula!
Conheça o blog do cartunista Zé Dassilva AQUI